Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

Ensinamentos “Sobre o Cuidado da Casa Comum” 97 encontrode soluções paraos problemas ambientais, designadamente o do esgotamento dos recursos, e onde a submissão da política a questões financei- ras e técnicas tem contribuído para a falência das Cimeiras mundiais sobre ambiente. A “inteligência” que tem sido responsável pelo enorme desenvolvi- mento tecnológico não consegue encontrar formas eficazes de gestão internacional para resolver os graves problemas ambientais e sociais. A encíclica considera que os países que beneficiaram de um maior nível de industrialização têm maior respon- sabilidade em contribuir para a solução dos pro- blemas que causaram, sendo fundamental a comu- nidade internacional chegar a um acordo sobre a responsabilidade de quem deve suportar os maio- res custos da mudança. As relações entre estados devem estabelecer cami- nhos consensuais, com padrões globais que impe- çam ações inaceitáveis como países mais pode- rosos descarregarem sobre outros países os seus resíduos altamente poluentes. Neste sentido torna- -se indispensável o reforço das instituições interna- cionais, através da designação de autoridades de forma imparcial, por meio de acordos entre gover- nos nacionais e dotadas de poder sancionatório. Nesta perspetiva a diplomacia adquire uma impor- tância inédita, chamada a promover estratégias internacionais para prevenir problemas mais gra- ves. No que se refere ao exercício do poder ao nível de cada estado salienta como positiva a introdução, na legislação e jurisprudência, de regras que con- tribuem para evitar os efeitos poluentes. Relem- bra que a obtenção de resultados requer tempo e chama a atenção para os efeitos perversos de uma visão de curto prazo induzida em parte pelos ciclos eleitorais. Refere que a adoção de boas práticas e a busca criativa de novos caminhos deve ser incen- tivada a nível institucional. Considera ainda que, devido ao maior sentido de comunidade das populações, iniciativas de maior alcance e responsabilidade devem envolver o nível local desde a fase de conceção. Realça como posi- tiva a intervenção organizada das populações, no sentido de forçar os governos a desenvolverem nor- mativos, procedimentos e controlos mais rigorosos. Acrescenta que os melhores dispositivos acabam por sucumbir, quando faltam as grandes metas, os valores. No que se refere às relações entre a economia e o ambiente, refere que a lógica do máximo lucro não é compatível com os ritmos da natureza, os seus tem- pos de degradação e de regeneração, e a comple- xidade dos ecossistemas, que podem ser profunda- mente alterados pela intervenção humana. Sugere uma reavaliação do nosso modelo de desenvol- vimento, desacelerando a delapidação dos recur- sos com a diversificação da produção, redução do impacto ambiental e a criação de emprego. Insurge-se contra o paradigma “tecnocrático” domi- nante, embora reconheça as grandes vantagens dos avanços tecnológicos para o bem da humani- dade. Considera que as tecnologias não são neu- tras estando o seu impacto dependente da forma como as mesmas são utilizadas dando o exemplo da energia nuclear. A estreita dependência do uso das tecnologias dos interesses de grupos de poder (económico e financeiro) tem conduzido aos atuais modelos de “superdesenvolvimento dissipador e consumista que contraste, de forma inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumaniza- dora”. Associa desta forma a causa da degradação ambiental, a perda do sentido da vida e da convi- vência social a questões de governança. Afirma que a Igreja não pretende definir as questões científicas nem substituir-se à política, mas apenas promover um debate honesto e transparente, para que as necessidades particulares ou as ideologias não lesem o bem comum. Acrescenta que uma estratégia de mudança real exige repensar a totali- dade dos processos, pondo em discussão a lógica subjacente à cultura atual.

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