Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 3 março 2016 8 da produção por hectare sem aumentar a utiliza- ção de inputs por hectare. Esta mudança de para- digma requer uma mudança de modelo tecnoló- gico na agricultura, como por exemplo a agricultura de precisão e a utilização de processos ecológicos. Para isso, uma vez que existe uma falha de mer- cado, a transição requer políticas públicas, desde a simples regulamentação ambiental à diferenciação dos produtos conforme a sua pegada ecológica, incentivos económicos diretos à produção de bens públicos ambientais pela agricultura e uma política de investigação e desenvolvimento da base cientí- fica e tecnológica necessária para uma intensifica- ção de base ecológica. Gilles Morel, Presidente da FoodDrinkEurope e Pre- sidente Regional da Mars Chocolate Europe & Eura- sia, considera que para o setor da alimentação e bebidas este desafio é particularmente decisivo, já que não só têm a responsabilidade de produzir ali- mentos de qualidade e em quantidade suficiente para todos, mas também têm de garantir que os recursos são preservados de modo a se poder con- tar com matérias-primas seguras, de elevada qua- lidade e a preços acessíveis. O combate ao desper- dício alimentar, a cooperação entre os agentes da cadeia alimentar e a inovação são os três cami- nhos a desenvolver para que seja possível alcançar e conciliar estes objetivos. Pedro Graça (Diretor do Programa Nacional de Pro- moção da Alimentação Saudável, Direção-Geral da Saúde) e Duarte Torres (Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto) chamam a atenção para o facto de Portugal ser um dos poucos países Europeus que, até muito recen- temente, não possuía uma Estratégia Nacional para a Alimentação e Nutrição. Estimam que, no nosso país, 28% dos anos de vida perdidos devido a morte prematura e número de anos de produtividade per- didos por incapacidade e reforma prematura sejam imputáveis a fatores de risco comuns às doenças crónicas (tabagismo, abuso de álcool, baixo con- sumo de frutas e hortícolas e défice de atividade física), número que se eleva aos 35%quando se inclui a obesidade e a pré-obesidade. O objetivo geral da estratégia implementada em 2012 é o de melhorar o estado nutricional da população incentivando a dis- ponibilidade física e económica e o acesso a alimen- tos constituintes de um padrão alimentar saudável e criar condições para que a população os valorize, aprecie e consuma, integrando-os nas suas rotinas diárias. Já as preocupações ambientais no seio das políticas alimentares e nutricionais só recentemente ganharam maior peso político e foram definitiva- mente integradas nas estratégias da saúde e alimen- tação, como se pode constatar na 5ª Conferência Ministerial de Ambiente e Saúde, realizada sob aus- pícios da Organização Mundial da Saúde (OMS). A secção Observatório apresenta um conjunto de análises sobre temas diversificados. O artigo sobre comércio internacional agroflorestal e das pescas visa não só apresentar dados e conclusões sobre esta importante temática para economia nacional como também apresentar as várias fontes produ- zidas pelo INE sobre esta matéria, explicitando as diferenças metodológicas, os motivos da utilização diferenciada das várias fontes e os diferentes resul- tados obtidos. É efetuado um balanço da situação das organizações de produtores agrícolas em Por- tugal, uma temática da maior importância, para a viabilidade e competitividade das unidades de pro- dução agroalimentar, e ainda para enfrentar a pro- blemática dos desequilíbrios na cadeia de produ- ção agroalimentar. A FIPA expõe um retrato atual da indústria alimentar e das bebidas nacionais e da sua importância para a recuperação económica. Final- mente, é apresentado um artigo sobre a economia do bacalhau, que inclui um enquadramento alimen- tar, geográfico e histórico, uma descriçãomuito com- pleta da formação da cadeia de valor e uma análise de uma dos mais importantes produtos alimentares importados por Portugal, o bacalhau. Na última secção, Hélder Muteia, Responsável do Escritório da FAO em Portugal e junto da CPLP, escreve sobre o importante papel das leguminosas

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