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cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 10

DEZEMBRO 2017

114

No terceiro capítulo, aborda-se a resposta pública

ao desemprego por parte dos serviços de emprego

(IEFP – Instituto do Emprego e da Formação Pro-

fissional). O IEFP sofreu uma redução de pessoal

no período em análise, comprometendo-se desta

forma as políticas ativas de emprego, com a trans-

ferência progressiva da sua responsabilidade para

as empresas, como, por exemplo, a oferta forma-

tiva e os incentivos ao emprego (estágios e contra-

tos Emprego-Inserção).

No quarto capítulo, aborda-se a classificação esta-

tística e a manipulação política de conceitos como

emprego, desemprego, informalidade, ocupação

ou inatividade. Considera-se que estes conceitos

não permitem capturar e sistematizar as realida-

des económicas e sociais criadas pela crise, como

a destruição de emprego, o aumento da população

inativa e o crescimento dos fluxos migratórios. Refe-

rem-se ainda as limitações do tratamento estatís-

tico agregado do desemprego, que caracteriza rea-

lidades muito distintas.

O quinto capítulo trata das alterações introduzi-

das no enquadramento legal das relações labo-

rais, designadamente os mecanismos de negocia-

ção coletiva de âmbito setorial. Após a crise, com

os novos mecanismos de governação económica,

como o Semestre Europeu, onde estão previstas

sanções para países em desequilíbrio macroeco-

nómico, estabeleceram-se medidas como a des-

centralização da negociação coletiva ao nível da

empresa, a redução da extensão das convenções,

os limites temporais à sua validade e numerosas

exceções às convenções orientadas para uma flexi-

bilidade salarial descendente.

No sexto capítulo, analisa-se a instrumentalização

da concertação social durante a crise, servindo para

sancionar um vasto conjunto de medidas de polí-

tica de que resultaram a redução da proteção do

trabalho, a fragilização das relações laborais e a

desvalorização salarial.

A conclusão aborda o tema do futuro do trabalho

e do seu valor em Portugal. Considera-se que as

reconfigurações institucionais agravadas durante

o período de aplicação do memorando resultaram

em impactos negativos, não só a curto prazo mas

também a longo prazo. Graças a diversos mecanis-

mos de causalidade circular, os efeitos da recente

crise económica far-se-ão sentir no futuro, através

de uma contínua quebra populacional, da redu-

ção do crescimento potencial da economia e do

aumento do endividamento e das desigualdades.