A agricultura como utilizadora de diversidade genética
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ção de variedades e raças
tradicionais por genótipos
melhorados);
•
Desvalorização do papel
das pastagens;
•
Inversão da flora infestante
(menos espécies infestan-
tes, mas mais agressivas);
•
Redução do papel das leguminosas na restaura-
ção da fertilidade da terra;
•
Abandono de terras marginais;
•
Intensificação do uso agrícola dos solos mais fér-
teis.
Muitas cultivares e raças tradicionais sobrevivem
em bancos de germoplasma ou em sistemas de
agricultura muito subvencionados. Os sistemas
de agricultura mais intensivos caracterizam-se por
um colapso de todas as categorias da diversidade
(diversidades genética, alfa, beta e gama).
O simples facto de as reservas de energia fóssil e de
alguns nutrientes (em particular, do fósforo) serem
finitas, significa que a agricultura, mais tarde ou
mais cedo, terá que incorporar os princípios bási-
cos da economia circular, e.g.:
•
Aumento do tempo de per-
manência dos recursos no
interior do sistema econó-
mico, através de um uso
mais eficiente desses recur-
sos (aumento do
output
económico por unidade de
recurso);
•
Reciclagem das emissões
(fecho dos ciclos);
•
Aumento da eficiência do uso da energia e dos
nutrientes;
•
Substituição progressiva da energia fóssil por fon-
tes renováveis de energia;
•
Encurtamento
(espa-
cial) dos ciclos de maté-
ria e energia.
Para lá chegar, são inevi-
tabilidades:
•
Reintegração funcional
de tipos de solos com
diferente potencial pro-
dutivo nos sistemas de
agricultura;
•
Redução da intensidade da incorporação de fato-
res de produção (de modo a aumentar a eficiên-
cia do seu uso);
•
Recuperação da complexidade dos sistemas de
agricultura com a diversificação de culturas e a
reintegração das componentes animal e vegetal à
escala da exploração agrícola;
•
Recuperação da diversidade de espécies indíge-
nas e cultivadas (com diferentes níveis de domes-
ticação) e de ecossistemas (incluindo agroecossis-
temas);
•
Recuperação da centralidade das pastagens e das
leguminosas nos sistemas de agricultura;
•
Desenvolvimento de novos ideotipos no melho-
ramento de plantas e ani-
mais.
A agricultura terá de se
regenerar “
como utiliza-
dora de recursos de diver-
sidade genética, cultiva-
res, variedades, raças,
flora e fauna silvestre
”.
A agricultura terá que
ser encarada como utilizadora não só de diversi-
dade genética, mas também da diversidade cultu-
ral, reconhecendo e incorporando os saberes e per-
ceções das comunidades humanas, pelo menos à
escala local e regional. Estes conhecimentos acu-
Muitas cultivares e raças tradicionais
sobrevivem em bancos de germoplasma
ou em sistemas de agricultura
muito subvencionados. Os sistemas
de agricultura mais intensivos
caracterizam-se por um colapso de todas
as categorias da diversidade …
… muitas espécies silvestres (e também
ancestrais de espécies cultivadas) são
ainda recursos alimentares e medicinais
com impacto no bem-estar de muitos
povos. A manipulação e consumo destas
espécies em diferentes regiões do mundo
refletem a diversidade do conhecimento
local e acima de tudo a identidade
cultural inerente