Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

Organização da Produção 71 Os recentes reconhecimentos atribuídos a OP dos setores da carne de suíno, de leite e do azeite, per- mitiram que estes importantes setores da agricul- tura nacional comecem a evidenciar uma maior concentração de oferta em OP (Quadro 2). DESTAQUE: O setor hortofrutícola em OP Em termos genéricos, durante o período 2004–2014, as OP reconhecidas do setor hortofrutícola registaram um crescimento de VPC em mais de 200%. São de salien- tar os aumentos de VPC de morangos, hortícolas ou kiwi (superiores a 500%). Por outro lado, novos seto- res como os pequenos frutos tornaram-se relevantes, com 13% do VPC das OP do setor hortofrutícola em 2014. Verifica-se assim um aumento muito significativo no valor de produção, acompanhado com uma alte- ração estrutural no tipo de produção comercializada. Evolução do VPC das OP reconhecidas para frutas e produtos hortícolas (período 2004-2014) Frutas e produtos hortícolas Valor de VPC (M €) 2004 2014 Δ (2013-2014) Produtos Hortícolas (s/ tomate) 5,7 45,2 693% Tomate* 51,2 107,8 110% Citrinos 9,27 23,36 152% Maça 13,7 28,5 108% Pera 18,3 69,9 283% Kiwi 1,7 10,8 525% Melancia/Melão/Meloa 1,4 7,1 405% Morango 0,4 6,0 1470% Pequenos Frutos – 48,9 – Frutos Secos – 5,2 – Outras F&H 6,1 16,1 164% Total 107,8 369 242% * Inclui tomate para indústria. Em 2004 quase 50% do VPC do setor hortofrutícola estava concentrado no tomate (incluindo tomate para industria). O crescimento do VPC entre os vários produ- tos não foi de todo uniforme, registando-se disparida- des acentuadas, com consequências na relevância dos produtos no conjunto da produção nacional comercia- lizada pelas OP. Em 2014, o tomate continua a ser a pro- dução mais importante (28,5%), tendo contudo perdido relevância face ao crescimento acentuado da comer- cialização de outros produtos hortícolas e do apareci- mento de produtos como os pequenos frutos. 4. Conclusões O panorama nacional de OP reconhecidas é diversi- ficado. A predominância do setor hortofrutícola, que representava em 2014 cerca de 50% do VPC total das OP reconhecidas, não pode ser dissociada do regime específico consolidado de há anos de apoios atra- vés do financiamento de programas operacionais às OP deste setor. No entanto, há setores onde o grau de organização em OP é bastante superior, como o arroz ou o milho o que não deixa de estar relacio- nado com o facto de no passado terem existido aju- das específicas à comercialização nestes setores. Tida em conta a relevância dos vários setores na produção nacional, facilmente se concluirá acerca do potencial de crescimento para o reconheci- mento de organizações dedicadas à comercializa- ção de diversas produções. Se há setores como o arroz, milho, carne de ovino e caprino em que o VPC das OP reconhecidas é já considerável face ao VPC global, noutros setores, existe ainda margem evi- dente de crescimento. A figura 2 resume esse panorama. Há uma ampla margem de progressão em diversos setores para o aumento do grau de concentração em OP, o que se deverá vir a consolidar no futuro próximo em resul- tado dos incentivos disponíveis nos programas de desenvolvimento rural em Portugal. Por outro lado, a pressão de mercado ao nível das relações na cadeia alimentar entre produção, indústria e distri- buição tende a uma maior profissionalização das estruturas e a movimentos de concentração hori- zontal (organizações produtores) e vertical (organi- zações interprofissionais). Uma comparação entre o sub-universo OP e a pro- dução total do ramo agrícola em Portugal permite concluir, em termos evolutivos, que o crescimento do valor de produção tem vindo a ser superior no sub-universo OP do que no total das economia agrí- cola, o que se acentuou em 2014, o que indicia um interesse crescente por estas estruturas.

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