Newsletter n.º 72
outubro 2022

Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia - 17 e 18 de outubro de 2022

Os Ministros da Agricultura da União Europeia (UE) reuniram-se a 17 e 18 de outubro, no Luxemburgo, no Conselho Agrifish presidido pelo Ministro da Agricultura Checo, Zdeněk Nekula.

Os ministros aprovaram o compromisso relativo às possibilidades de pesca no Mar Báltico para 2023, fixando-se os Totais Admissíveis de Capturas (TAC) e a quota por Estado-Membro para cada espécie. Este acordo baseou-se em pareceres científicos e nos objetivos da Política Comum das Pescas (PCP) não só para assegurar a sustentabilidade a longo prazo das unidades populacionais de peixes na região, mas também respeitar as disposições do plano plurianual para stocks e o impacto socioeconómico no setor das pescas. Portugal defendeu a necessidade de uma quota suplementar de atum patudo nas pescarias das Regiões Ultraperiféricas.
Ainda no âmbito da temática das pescas, e considerando que a reunião anual da Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico (CICTA) vai decorrer em novembro de 2022, os ministros reforçaram a necessidade da UE preparar desde já a sua posição. Por exemplo, quanto à avaliação da gestão do atum rabilho e oportunidades de pesca para os atuns tropicais.

No que respeita à agricultura, os efeitos do conflito militar Rússia-Ucrânia continuam a perturbar significativamente os mercados agrícolas mundiais. O aumento crescente dos preços dos produtos e a crise energética despoletada pela interrupção do fornecimento de gás da Rússia vieram reforçar as preocupações dos ministros. Em particular, sobre os volumes de eventuais exportações agrícolas futuras da Ucrânia, bem como as capacidades de armazenamento. Face ao cenário de imprevisibilidade, e para mitigar o impacto sobre o abastecimento alimentar e custos dos fatores de produção, os ministros pediram mais medidas da UE, tendo sido garantida a aplicação da “reserva de crise”. Ainda neste contexto, foi salientada não só a acessibilidade e produção de fertilizantes no setor agrícola, como também a importância da UE continuar a investir em negociações comerciais com países terceiros, salvaguardando sempre a competitividade do setor agrícola da UE e dos seus produtores.

Na agenda do Conselho foram ainda abordados outros assuntos, tais como monitorização florestal, iniciativas em matéria de agricultura de baixo carbono, abate de pintos machos, restrições de cofinanciamento de programas fitossanitários e veterinários e alternativas aos fertilizantes químicos.

 

Dossiers
 
PEPAC – Preparação da legislação Nacional

Na sequência da aprovação do Plano estratégico da PAC para 2023-2027, o GPP encontra-se nesta fase a coordenar os trabalhos técnicos de preparação da legislação nacional para a operacionalização deste instrumento no território Continental.
Para o efeito, foi estabelecida a articulação para auscultação das estruturas representativas do setor e das entidades institucionais, estando prevista a realização de reuniões consultivas até final de novembro, de forma a possibilitar a conclusão do quadro regulamentar nacional para aplicação a partir de janeiro de 2023.
 
O PEPAC Portugal materializa os instrumentos de apoio da PAC financiados pela UE através do FEAGA - pagamentos diretos e intervenções setoriais e pelo FEADER – intervenções do desenvolvimento rural. A articulação coerente dos diferentes tipos de intervenções disponíveis, em ambos os pilares da PAC, permitirá promover «Uma gestão ativa de todo o território baseada numa produção agrícola e florestal inovadora e sustentável». Integra também o quadro de desempenho, visando garantir a correspondência entre os recursos financeiros investidos e os resultados alcançados.
 
Página web PEPAC | Guias PEPAC
 
GPP promove debate sobre o Investimento na Agricultura 

A apresentação e debate do tema da publicação CULTIVAR n.º 25 - “Investimento na agricultura” - decorreu a 19 de outubro de 2022 no Salão do Marquês do Ministério da Agricultura e da Alimentação, em Lisboa. 

O Diretor-Geral do GPP, Eduardo Diniz efetuou o enquadramento da sessão e do tema em debate, seguindo-se uma breve exposição sobre o investimento na agricultura enquanto elemento central nas políticas públicas dedicadas ao setor agrícola, por Bruno Dimas, Subdiretor-Geral do GPP. 

O debate contou com a participação de Filipe Charters de Azevedo (Economista), José Martino (Engenheiro Agrónomo) e Luís Caetano (Empresário agrícola). Para este painel de convidados foi unânime que o atual modelo de investimento na agricultura tem fragilidades, tendo apresentado perspetivas sobre as mudanças essenciais que é necessário empreender.

Na reflexão conjunta foram abordadas questões em torno da relevância da atribuição de apoios para Portugal fazer face à concorrência dos seus congéneres europeus. Durante a sessão também foi mencionada a importância de articular o calendário da economia real com o ciclo administrativo de atribuição e gestão do financiamento. Neste âmbito, foi sublinhado que uma maior transparência deste processo favorece o desenvolvimento e aumenta a competitividade. 
A rentabilidade foi identificada como um fator de risco para investir na agricultura. Este fator tem vindo a desvalorizar a imagem da atividade, afastando potenciais interessados em apostar no setor agrícola. Para além disso, os constrangimentos na colaboração entre entidades desta área não têm contribuído para uma maior eficiência dos projetos. 

Com este debate, o GPP pretende dar continuidade a um espaço de reflexão sobre temáticas relevantes para a atividade do setor e para a decisão política.
 
Constituição do Observatório de Preços «Nacional é Sustentável»

O Observatório de Preços «Nacional é Sustentável» foi constituído a 6 de outubro de 2022, por despacho conjunto do Ministério da Agricultura e da Alimentação e do Ministério da Economia e do Mar, com o intuito de contribuir para uma maior transparência em toda a cadeia de abastecimento agroalimentar (produção, transformação e distribuição), acompanhar a sua evolução, e dotar as entidades competentes de um instrumento que permita monitorizar, avaliar e definir melhores políticas públicas nesta matéria.

A ação deste Observatório visa essencialmente atingir quatro objetivos:
  • Recolher e analisar informação ao nível da estrutura de custos, preços e margens de valor, no sentido de permitir uma maior transparência na cadeia agroalimentar;
  • Potenciar o conhecimento e acompanhamento da cadeia;
  • Incrementar a competitividade do setor;
  • Apoiar a formulação das políticas no setor agroalimentar.
O GPP assegura o apoio logístico e administrativo necessário ao funcionamento do Observatório, estando previsto estabelecer parcerias com a Direção-Geral das Atividades Económicas e eventualmente integrar a participação de outras entidades nacionais e europeias.

Numa primeira fase, o Observatório disponibiliza dados sobre a evolução dos preços na produção, relativos aos dois últimos anos, diagramas de fluxos e circuitos comerciais das cadeias de valor para um conjunto de produtos integrados no cabaz de produtos animais e vegetais. 
Numa fase posterior, está prevista a publicação de dados sobre os preços para o consumidor e informação relativa à estrutura de custos e proveitos nos diversos níveis da cadeia de valor. Com esta partilha, o Observatório disponibilizará informação referente à evolução dos preços e dos custos ao longo de toda a cadeia de valor alimentar.

Ver mais informação 

 
Publicações
 
Factos e números sobre política comum das pescas - Dados estatísticos essenciais: 2022

Esta publicação apresenta um cenário global sobre o setor das pescas da União Europeia (UE), disponibilizando informação que abrange toda a cadeia de valor, desde a produção até ao consumo. Os conteúdos permitem não só saber mais sobre frotas de pesca, aquicultura e comércio, mas também conhecer as estratégias da UE para garantir a sustentabilidade ambiental, económica e social das pescas. Os factos e números que integram a publicação também evidenciam os princípios e valores da política comum das pescas. 

Os desafios impostos ao setor das pescas, em grande parte por força das alterações climáticas, têm obrigado ao estabelecimento de compromissos que, em termos globais, respeitem a saúde do mar e dos oceanos. As estatísticas difundidas na publicação mostram que ao longo da última década ocorreram progressos significativos no setor das pescas da UE. Em parte, devido à adoção de práticas mais responsáveis e sustentáveis na atividade piscatória que, por sua vez, têm favorecido maiores níveis de rentabilidade.  

Comissão Europeia, agosto de 2022 | ver publicação (EN)
 
Perspetivas de curto prazo para os mercados agrícolas da UE – outono de 2022

De acordo com este relatório da Comissão Europeia, a atividade agrícola na União Europeia (UE) enfrenta desafios crescentes, não só devido ao clima quente e seco, mas também pelo impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia sobre os preços da energia e a inflação dos preços dos alimentos. Em termos genéricos os efeitos da seca no crescimento das culturas, na fertilidade das flores e na alimentação dos animais, assim como a epidemia de gripe aviária são as questões mais prementes na antevisão de outono para os mercados agrícolas e agroalimentares da UE.

A informação disponibilizada estrutura-se em cinco eixos: perspetivas macroeconómicas, colheitas aráveis, culturas especializadas, leite e produtos lácteos e produtos de carne. Neste sentido, os dados evidenciam, por exemplo: uma estimativa de crescimento (3,1%) do Produto Interno Bruto da zona euro, da inflação (8,1%) e dos preços dos alimentos (14,3%). Em termos de culturas especializadas, destaca-se o aumento da produção de vinho (1,5%), maçãs (18%) e laranjas (20%). Os decréscimos recaem sobretudo no azeite (-25% de produção), laticínios (-7% de exportações) e carne de porco (-5% de produção).

Comissão Europeia, outubro de 2022 | ver publicação (pdf) (EN)

 
Monitorização do comércio agroalimentar da UE - Desenvolvimentos em junho de 2022

A informação estatística disponibilizada destaca o aumento das exportações (19,5%) e importações (31%) comparativamente a junho de 2021 e o crescimento (33%) do saldo comercial agroalimentar em relação a maio de 2022. A lista de produtos agroalimentares da União Europeia (UE) mais exportados em junho de 2022 inclui cereais, trigo, oleaginosas, proteaginosas, carne bovina e de vitela, produtos lácteos obtidos de leite de ovinos e caprinos. No que respeita às importações o relatório salienta o decréscimo substancial de cereais, oleaginosas, frutas e legumes.

Dadas as consequências do conflito militar Rússia-Ucrânia nos fluxos comerciais entre a UE e a Ucrânia, os dados publicados evidenciam que as exportações para a Ucrânia aumentaram 25% em relação a junho de 2021. A incidência recai nos legumes e carne de suíno, cujos volumes de exportação cresceram 557% e 112% em termos homólogos. Registou-se também em junho uma diminuição das importações totais na UE (-7%), sobretudo a partir do Brasil, tendo-se registado em contrapartida um aumento das importações a partir da Ucrânia sobretudo de oleaginosas (+92 milhões de euros), óleos (+90 milhões de euros), aves (+17 milhões de euros) e cereais (+11 milhões de euros).

Comissão Europeia, setembro de 2022 | ver publicação (pdf) (EN)
 
Manual das Bio-regiões: Uma estratégia integrada de desenvolvimento dos territórios rurais 

Este Manual tem como objetivo contribuir para a parametrização e definição do modelo das Bio-regiões em consonância com a realidade dos territórios rurais nacionais. Nesse sentido, integra a articulação com propostas de preservação dinâmica dos Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial (SIPAM), enquanto mecanismos de promoção de sistemas alimentares territoriais sustentáveis. 

A informação disponibilizada em formato de roteiro possibilita o planeamento estratégico das Bio-regiões portuguesas, proporciona a definição de referenciais para a respetiva caracterização e monitorização, contribuindo também para a definição de políticas e programas de apoio para a sua concretização. 

Grande parte dos conteúdos partilhados resultam da análise dos conceitos associados aos sistemas alimentares, desenvolvimento territorial e sustentabilidade, sendo emitidas recomendações com vista a modelos de governança comprometidos com a promoção de sistemas alimentares territoriais sustentáveis.

DGADR, outubro de 2022 | ver manual 



 
SEM TEMPO PARA DESPERDIÇAR - Por que razão a UE precisa adotar objetivos juridicamente vinculativos para redução do desperdício alimentar
 
Este relatório constitui um alerta para o cumprimento de diretrizes fixadas pela Comissão Europeia (CE) em torno do desperdício alimentar. Face ao atual cenário de fragilidade no abastecimento e segurança alimentar é importante que a ação da União Europeia (UE) nesta matéria seja cada vez mais decisiva e ambiciosa. Para o efeito, é apresentada uma revisão sucinta de estratégias, acordos, pactos e medidas em vigor, mas cuja aplicabilidade ainda está longe de surtir os resultados pretendidos. São, neste âmbito, partilhados dados estatísticos e também recomendações. Neste caso com particular incidência na resiliência para responder, de forma articulada, às necessidades do sistema alimentar em consonância com crises climáticas, económicas e sanitárias. 

A abordagem dos autores baseou-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), reforçando o apelo para que a legislação em torno da área alimentar acompanhe em termos reais as aspirações que lhes são inerentes. Por exemplo, através da implementação de regulamentação apropriada resultante de debate prévio entre empresas, sociedade civil, formuladores de políticas e consumidores.

Feedback EU, setembro de 2022 | ver publicação (pdf) (EN)
Ver outras publicações
Legislação 
Diário da República / Jornal Oficial da UE
Agricultura e Alimentação | Outros
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