CULTIVAR 9 - Gastronomia

Vamos comer o que nos rodeia – e isso é só o início da mudança 29 tação mais saudável – nas escolas, desde os primei- ros anos. Tal como valorizar os restaurantes, sejam de alta cozinha ou tradicionais e mais populares, que fazem um trabalho sério em torno dos produ- tos portugueses. E, tal como no Peru e noutros países, é fundamen- tal reforçar a ligação entre o que se come nas esco- las e os produtos/produtores locais (as centrais de compras são um obstáculo a que isto aconteça pelo facto de a grande escala permitir preços mais eco- nómicos, mas é importante refletir sobre isto). E, evitando a tendência para sermos “mais papistas que o Papa”, não cairmos em excessos legislativos que mais tarde vimos a reconhecer como exageros. Os caminhos estão abertos. Os exemplos noutros países – e em Portugal também – são inúmeros. É preciso coordenação, união de esforços, reconhe- cimento da importância deste assunto, vontade de fazer. De resto, o país tem excelentes produtos, tem uma forte tradição gastronómica, tem ainda agri- cultores que guardam saberes antigos e jovens que voltaram a interessar-se pela agricultura, tem gente que conhece e que estuda estes temas (e que geral- mente é muito pouco reconhecida e valorizada – veja-se a dificuldade em publicar livros de gastro- nomia que não sejam apenas de receitas). E, no meio de tudo isto, todos nós temos de fazer uma coisa muito fácil e, para além do mais, muito agradável – a paisagem comestível está à nossa volta; basta-nos comê-la. Só assim ela sobreviverá.

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