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A importância da agricultura na conservação da

natureza

TITO ROSA

Presidente da Liga para a Proteção da Natureza

A natureza é algo que apreciamos, mas é dada

como adquirida. Gostamos de a contemplar, mas

não entendemos o quanto dependemos dela e

de que forma está diretamente associada à nossa

vida. De vez em quando, invocamo-la como “mãe”,

outras vezes, em tempos de catástrofe ou adversi-

dade, chamamos-lhe “madrasta”. Quase nunca nos

responsabilizamos pela quota-parte dos danos que

nos causamos por à natureza danos maiores ter-

mos causado.

No entanto, a natureza é, na realidade, o nosso habi-

tat. É na natureza que encontramos os elementos

fundamentais para a nossa vida: os solos, a terra que

nos tem possibilitado cultivar e alimentar, a água

que é gerada pelos elementos naturais, embora

depois dela façamos, por apropriação, comércio, e

as plantas que, através do “milagre” da clorofila, nos

proporcionam o oxigénio que respiramos.

Vivemos uma certa “loucura” de tecnologia, rodea-

dos ou satisfazendo-nos com os mais variados e

maravilhosos

gadgets

, glorificamos conquistas e

avanços, mas sempre nos esquecemos que os ele-

mentos fundamentais do habitat que nos permi-

tem viver não são fabricáveis e têm a sua origem

na natureza.

Não somos capazes de avaliar, porque em boa parte

o que recebemos é gratuito e dado como adquirido,

os serviços essenciais que a natureza nos presta e

que são vitais para a nossa vida. Mesmo depois de

estudos, avaliações e outras tantas intervenções ou

acordos nos dizeremque devemos remunerar os ser-

viços do ecossistema, de forma generalizada, ainda

não o interiorizámos, porque, em abono da verdade,

a natureza continua a ser gentil na sua oferta.

Partilhamos este habitat, com maior ou menor dife-

rença, com outras espécies, as quais desconsidera-

mos, por altivez ou sentimento semelhante, ou con-

sideramos menores, irracionais e que devem estar

ao nosso serviço a todo o preço, incluindo o da des-

truição ou alteração irreparável das suas condições

de vida e dos ecossistemas onde se acolhem e ali-

mentam.

Tal como a “mãe” natureza por vezes nos sur-

preende com manifestações mais ou menos violen-

tas, alertando-nos para os danos que lhe causamos

(as manifestações mais tangíveis porque atingem

urbanos e rurais, cidades e campos, são as climá-

ticas), também as espécies de fauna ou flora, pelo

seu declínio ou desaparecimento, são importantes

sinais de alerta para a perda da biodiversidade que