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Agricultura e Biodiversidade

CLÁUDIA GONÇALVES

Departamento Técnico da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP)

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento, “Rio 92”, o conceito

de biodiversidade foi definido como sendo a varia-

bilidade entre organismos vivos de todas as ori-

gens, incluindo os ecossistemas terrestres, mari-

nhos e outros aquáticos, e os sistemas ecológicos

dos quais fazem parte, abrangendo a diversidade

dentro de espécies, entre espécies e dos ecossiste-

mas (UNCED, 1992).

Esta definição é holística, inclui toda a variedade de

formas de vida e é geralmente reconhecida a três

níveis (COM/2001/0162 final):

Diversidade genética – variedade de componen-

tes genéticos encontrados nos representantes

individuais de uma espécie,

Diversidade das espécies – variedade de orga-

nismo vivos encontrados num determinado local,

e

Diversidade dos ecossistemas – variedade de

espécies, funções e processos ecológicos que

ocorrem em diferentes contextos físicos.

Existem interações mútuas e complexas entre a

agricultura e estes três níveis de biodiversidade: a

agricultura é um elemento de biodiversidade, pre-

cisa de biodiversidade e influencia a biodiversidade

(ELO

et al

., 2010).

De facto, a agricultura teve

o seu início há cerca de

10-12 mil anos na região

situada entre os rios Nilo,

Tigre e Eufrates, conhe-

cida por Crescente Fértil,

com o cultivo intencio-

nal de algumas espécies

de cereais e a domestica-

ção de animais disponí-

veis na natureza. Esta ati-

vidade está associada à

sedentarização das populações e à passagem de

uma economia recoletora para uma economia pro-

dutiva, geradora de excedentes e baseada na explo-

ração da terra (Almeida, 2004).

A biodiversidade é assim a matéria-prima da ativi-

dade agrícola, que, por sua vez, ao selecionar, pelas

suas características nutritivas e capacidades produ-

tivas, determinadas espécies para produção, age

sobre a biodiversidade, diminuindo o número de

espécies presentes nas áreas cultivadas e criando

novos ecossistemas.

Por outro lado, as áreas cultivadas no meio de

grandes manchas florestais, ocupação territorial

que largamente predominava na Europa, criaram

mosaicos culturais com situações de orla que se

Fotografia:

Domingos Leitão

(SPEA)