Cultivar_6_Comercio Internacioanl

Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-Geral do GPP Esta sexta edição da CULTIVAR – Cadernos de Aná- lise e Prospetiva tem como tema de fundo o “comér- cio internacional”, sendo nosso propósito promover a reflexão a partir da seguinte questão: Que modelo de comércio internacional para a agricultura e alimentação? O tema é muito diversificado, admitindo diferen- tes interpretações e análises refletindo a preocupa- ção de atores institucionais e da sociedade em geral sobre os efeitos da crescente globalização da econo- mia. O setor agroalimentar é por um lado um percur- sor das trocas comerciais entre diferentes regiões, mas por outro lado, um alvo de políticas regulado- ras com diferentes níveis de proteção. A crescente globalização das trocas trouxe consigo aspetos positivos relacionados com a generaliza- ção do crescimento económico e a diversidade e disponibilidade de bens de consumo, com particu- lar incidência em países em desenvolvimento, mas em simultâneo tem acarretado algumas dificulda- des de adaptação em economias (ou setores) tradi- cionalmente mais protegidas. Estas assimetrias têm catalisado situações como a volatilidade (tema da primeira edição da Cultivar), gerando por isso des- confiança ou mesmo insegurança, pelo que se torna pertinente refletir sobre o efeito das políticas públi- cas e do estabelecimento de acordos a um nível supranacional. Assim, existe um campo vasto de abordagens possí- veis deste tema como a governança internacional, a segurança e abastecimento alimentar, o livre comér- cio e regulação, a sustentabilidade, as cadeias de valor internacionais e ainda a experiência individual ou setorial ao nível empresarial no esforço de interna- cionalização das empresas e da economia nacional. Assim, na primeira secção «Grandes tendências» João Pacheco do Farm Europe ( think tank multi- cultural criado com o objetivo de estimular a refle- xão sobre as economias rurais na União Europeia) examina de forma circunstanciada o ponto de par- tida, a construção e as perspetivas de evolução do modelo atual de comércio internacional. Advoga que o modelo existente é assente numa liberaliza- ção progressiva, e que não está esgotado, mas que se encontra paralisado pela dificuldade de ultra- passar interesses divergentes em presença (caso de choque entre países desenvolvidos e emergentes) pelo que a resposta tem residido, essencialmente, em acordos bilaterais ao invés de uma governança multilateral. Com o tema “O superciclo das matérias-primas e a vaga de aquisições por investidores externos”, Félix Ribeiro, a partir de uma análise retrospetiva desde o ano 2000 até aos dias de hoje, período caracte- rizado por picos de preços das comodities e pela crise financeira, foca a sua análise nos desequilí- brios entre a rede dos países importadores e a dos

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