Cultivar_6_Comercio Internacioanl

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 6 NOVEMBRO 2016 70 A importância da concentração da oferta no mercado global Devido aos inúmeros investimentos efetuados pelos empresários portugueses neste sector, nos últimos anos, há uma estimativa de aumento de produ- ção para os próximos anos e uma necessidade de procurarmos soluções que permitam maximizar a remuneração dos nossos produtos. Todos sabemos que o mercado nacional é importante, e representa uma elevada percentagem das nossas vendas, mas para conseguirmos o escoamento necessário, para este incremento produtivo, e uma justa remunera- ção é crucial aumentarmos as nossas exportações. O mercado está cada vez mais global e há um enorme crescimento de alguns grupos de distribui- ção. Cada vez ouvimos mais notícias sobre aquisi- ções entre grupos de retalho e presença massiva em diversos países. Já existem alguns grupos de reta- lho presentes em mais de 25 países e com milhares de lojas. Este crescimento aumenta o poder nego- cial, por parte da distribuição, e é uma garantia de escoamento de grandes quantidades de produtos aos seus fornecedores. A única forma de conseguirmos algum poder nego- cial na produção é a criação de escala através da concentração da oferta e da cooperação empre- sarial. A organização da produção é o caminho correto. As organizações de produtores desempe- nham um papel fundamental e Portugal tem que continuar a crescer. Não podemos estar satisfeitos quando apenas 25% do valor das frutas e legumes passam por organizações de produtores. Estamos longe da média europeia, quase nos 50%, e muito longe dos países mais organizados como a Bélgica e Holanda. Quando há a possibilidade de um retalhista com- prar uma fruta ou legume português a 10 ou 15 ope- radores é extremamente simples que consiga um preço mais baixo e competitivo do que se apenas tivesse 2 ou 3 opções de compra. O ideal será a cria- ção de associações complementares de empresas (ACE) que concentrem a oferta e negoceiam a uma só voz aumentado o poder negocial e maximizando o retorno à produção. A FRESHFUSION é um recente ACE, criada debaixo do chapéu da Portugal Fresh, do sector da Pera Rocha que junta 15 empresas, na maioria organi- zações de produtores, com o objetivo de forneci- mento do LIDL da Alemanha. Este projeto nasceu devido à enorme projeção que Portugal conseguiu em Berlim e ao grande envolvimento dos adminis- tradores do LIDL Portugal e a Direcção da Portu- gal Fresh. Os requisitos de produto que constam no caderno de encargos para este cliente são exigentes e só com uma cooperação entre várias empresas é possível garantir as quantidades e especificações solicitadas. Este projeto já representou em 2015 cerca de 5.000 ton de Pera Rocha o que equivale a cerca de 5% das exportações portuguesas de Pera. O potencial de vendas para o LIDL é enorme devido à presença do grupo em 27 países com mais de 10.000 lojas. Na Alemanha têm mais de 3.300 lojas com 15 entrepostos logísticos. Mercados estratégicos Há necessidade de abrir novos mercados para os hortofrutícolas portugueses. A China e o México são dois grandes alvos que poderiam ajudar fortemente o sector. São mercados de enorme dimensão em que o contrato com um ou dois operadores pode- rão garantir um escoamento de quantidades signi- ficativas de produto. Os produtores Chilenos têm registado grande cres- cimento na produção devido à enorme diversidade de mercados destino onde podem colocar os seus produtos e a excelentes condições para a produ- ção. Podem exportar para os Estados Unidos da América, Europa, China, Emirados Árabes, Amé- rica latina entre outros. A diversidade de merca- dos garante um leque de soluções de escoamento

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