Cultivar_6_Comercio Internacioanl

Que modelo para o comércio internacional? 15 com o resto do mundo de quase 40 mil milhões de dólares, enquanto a UE tem somente uma balança comercial equilibrada com o resto do mundo. Os números traduzem clara- mente uma realidade que é bem conhecida: os EUA têm uma agricultura geralmente mais competitiva que a UE, mas enfrentam importantes barreiras nas suas exportações para o bloco. Não quer isso dizer que a UE não se mostre mais competitiva em algumas áreas, como a dos produ- tos transformados, vinho ou azeite. Mas por exem- plo nas carnes, a diferença é grande a favor dos EUA, e essa diferença só não se traduz nos núme- ros da balança comercial porque a UE tem um mer- cado altamente protegido por barreiras alfandegá- ria e sanitárias. Não é por isso uma surpresa que o setor agrícola norte-a- mericano esteja ao mesmo tempo muito interessado no TTIP e algo descrente da possibilidade de superar barreiras sanitárias e outras. Um exemplo ilustra esta situação, o da carne de bovino onde a utilização de hormonas de cresci- mento é prática corrente nos EUA e banida na UE. Noutras áreas a concorrência aumentaria, mas sem pôr em causa a viabilidade das fileiras de produ- ção, como seria o caso dos cereais, leite, frutas e legumes. Mas nas carnes a UE não teria hoje condições para enfrentar uma liberalização total do comércio. Exis- tem no entanto mecanismos que permitem nego- ciar aberturas mais controladas do mercado, por exemplo através de quotas de importação, mas não há como negar que numa negociação com a amplitude do TTIP mesmo essas quotas teriam dimensão para causar um impacto sério nas filei- ras de produção. Se olharmos para o acordo com o Mercosul veremos que mais uma vez as car- nes seriam a área potencial- mente mais afetada. O Mer- cosul conta com campeões mundiais de competitivi- dade na carne bovina, e é também muito competi- tivo na carne suína e de frango. O Mercosul já beneficia de uma balança comercial positiva no setor agrícola com a UE, de quase 19 mil milhões de euros por ano. A UE poderia expandir as suas exportações de pro- dutos agrícolas transformados, de vinhos, azeite e de produtos lácteos. Mas o Mercosul tem expetati- vas de incrementar as suas exportações de carnes, de açúcar e de etanol. Se virmos as potenciais consequências do TTIP e do Mercosul em paralelo, temos que a área mais afe- tada na UE seria a das car- nes, e em primeiro lugar a carne bovina. A conclu- são das negociações em curso com o Japão poderia aliviar um pouco esse impacto negativo em especial na carne de suíno, já que o Japão é grande importa- dor, mas esse alivio não seria de natureza a alterar os desafios levantados ás fileiras produtoras na UE. Manter ou mudar o modelo atual? Constatamos pois que o modelo de comércio inter- nacional evoluiu de grandes negociações entre todos os países membros da OMC (as Rondas) para negociações bilaterais. Dito isto, o modelo conti- nua a visar uma liberalização progressiva das trocas comerciais, e o estabelecimento de regras comuns que facilitem o comércio. Não é por isso uma surpresa que o setor agrícola norte-americano esteja ao mesmo tempo muito interessado no TTIP e algo descrente da possibilidade de superar barreiras sanitárias e outras. Se virmos as potenciais consequências do TTIP e do Mercosul em paralelo, temos que a área mais afetada na UE seria a das carnes, e em primeiro lugar a carne bovina.

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