Cultivar_5_Economia da agua

CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 5 SETEMBRO 2016 8 moderado e conservativo dos fatores de produção que são recursos naturais vulneráveis. Da leitura do artigo podemos constatar que a larga maioria dos cenários estudados aponta para resultados favorá- veis do empreendimento, mas não podemos dei- xar de relacionar com o artigo anterior, que apela à necessidade de uma gestão/ governança integrada dos recursos designadamente da água. João Coimbra, ainda nesta secção das Grandes Ten- dências , descreve, a partir da perspetiva da situação real de uma exploração agrícola no Vale do Tejo, a evolução e adaptação de mais de 30 anos de um ter- ritório que se foi adaptando ao regadio. Quer as evo- luções das políticas públicas de apoio aos preços e ao investimento em infraestruturas, quer a procura de novas culturas e novos mercados e ainda novas preocupações públicas (caso do sequestro de car- bono) são relatados de forma vivida. Este relato per- mite verificar que os fatores de sucesso para uma maior rendibilidade das explorações passou por uma constante atenção à evolução das oportuni- dades de mercado, a uma gestão profissionalizada (do agricultor e das suas organizações) e a adoção constante de novas tecnologias, representando um exemplo de sustentabilidade económica e ambien- tal em explorações de regadio em Portugal. Na secção Observatório , a DGADR – Autoridade Nacional do Regadio, apresenta um conjunto de dados muito relevantes sobre disponibilidade e uti- lização de água e aborda a questão dos empreendi- mentos hidroagrícolas. Sobre esta última temática, na ótica dos utilizado- res privados, apresenta-se um texto da FENAREG, “Regadio: Água e Energia”. Através de um contributo conjunto APA, DGADR e GPP com o título “Regime Económico-financeiro dos Recursos Hídricos” é efetuada uma súmula da legis- lação base deste regime, seus conceitos e destinatá- rios correlacionando com vários instrumentos públi- cos de regulação e apoio. Destacamos ainda um contributo da Direção-Geral de Política do Mar em que é descrita a Estratégia Nacional para o Mar para o período 2013-2020 seus objetivos e metodologias de monitorização. Na última secção Assuntos Bilaterais e Multilaterais estão incluídas fichas de leitura sobre os seguin- tes temas: A Água na Segurança Alimentar e Nutri- ção; Redução das emissões de gases de efeitos de estufa nos sistemas de produção animal: melhores práticas e opções emergentes; O Novo Paradigma Rural: Políticas e Governança; Prevenção e Redu- ção Do Desperdício Alimentar: Desafio À Escala Global. Este número da Cultivar é umcontributo para a refle- xão do uso da água na agricultura. Porém, no encer- ramento desta edição constatamos a necessidade de aprofundar as análises e estudos sobre o rega- dio e a sua sustentabilidade económica e ambien- tal. Verificamos que a produtividade da terra é um dado incontornável, mas a economia da água não se pode esgotar nesta constatação. Há uma neces- sidade de procurar, produzir e articular diferentes especialistas e estudos sobre esta matéria. As questões relacionadas com a sustentabilidade ambiental e social não podem deixar de ser toma- das em consideração. A perdurabilidade dos benefí- cios do regadio tem que se medir em termos econó- micos (aumento da riqueza nacional), ambientais e climáticos (respeito pelo ciclo da água e na adap- tação às alterações climáticas) e sociais (equilíbrio entre territórios e estruturas produtivas). Resulta do exposto a necessidade que tivemos de apresentar uma nota de abertura sumária, na secção Observatório, que fornece alguns elemen- tos sobre a evolução do regadio, aparentemente contraditória com as suas vantagens, pelo que o GPP, em articulação com a DGADR e outras enti- dades, irá estudar com mais profundidade e cujos resultados apresentará em próximos números da Cultivar.

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