Cultivar_5_Economia da agua

Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-Geral do GPP A Água, a par do Solo (que foi tema do segundo número da nossa publicação) e da Biodiversidade, são temas centrais nas questões relacionadas com a produção agrícola e alimentar e consequentemente nas políticas públicas dedicadas à Agricultura . A temática da água é muito vasta no que concerne às preocupações sociais em geral e tem um amplo número de abordagens e atores variados. A extensão deste tema aconselha a termos uma abor- dagem mais focada, pelo que optámos pela Econo- mia da Água como tema deste quinto número da publicação Cultivar . Entenda-se “Economia” não no sentido estrito de poupança ou eficiência mas, antes, de atividade económica relacionada com o aprovei- tamento de um recurso natural para a produção de bens e serviços designadamente de matérias-primas de origem agrícola (obtidas em sistemas de rega- dio) visando a satisfação de necessidades humanas, como é o caso da alimentação. Acresce que, sendo a água um recurso natural insubstituível e escasso, a regulação pública do seu uso tem um impacto muito significativo no desenvolvimento das atividades eco- nómicas que a utilizam como fator de produção. Neste número, na secção Grandes Tendências, Fran- cisco Nunes Correia releva a “escassez da água” como um dos mais sérios problemas que a humanidade vai enfrentar no século XXI. Embora a situação em Portu- gal não seja tão dramática como em outras geogra- fias, existem zonas problemáticas em que se prevê que as alterações climáticas venham a criar um stress adicional, quer devido ao aumento das temperatu- ras médias, quer à diminuição da pluviosidade, quer ainda ao aumento da variabilidade sazonal e intera- nual. O autor, enquadrando os desenvolvimentos que esta matéria tem tido ao nível da ONU/FAO e OCDE, advoga a necessidade de uma governança da água a nível internacional para atender, com equidade, aos usos múltiplos da água e dos respetivos prota- gonistas públicos e privados. Também a nível nacio- nal é necessária uma renovada atenção das entida- des públicas e uma consciência da sociedade civil e a criação de mecanismos formais para dirimir confli- tos e fazer prevalecer o interesse público neste setor. Na mesma secção, Ricardo Serralheiro efetua uma análise profunda dos impactos agrícolas territoriais e ambientais do Alqueva, que “abriu caminho a uma agricultura mais rica, outros usos da terra, outras paisagens, talvez também outro ambiente”. Através de modelos de variabilidade de produção ligadas ao clima e ao acesso à água, através da observação do sistema hidráulico global do Alqueva e ainda dos constrangimentos eventuais da qualidade da água, o autor identifica pressões sobre a disponibilidade da água, sobre os custos energéticos e sobre os ris- cos de erosão do solo. Como é descrito no início do seu texto, o desenvolvimento de uma agricultura mais intensiva não pode deixar de respeitar um uso

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