Cultivar_5_Economia da agua

O uso eficiente da água e o índice de intensificação do regadio 55 ras, mas também os múltiplos fins que estas reser- vas de água permitem. Nestas regiões, o regadio surge como um instru- mento absolutamente decisivo para garantir a com- petitividade da agricultura, sem o qual não é possí- vel um desenvolvimento vegetativo adequado das culturas primavera/verão e, em consequência, a obtenção de produtividades competitivas. O regadio é um fator determinante para um espaço rural equilibrado contribuindo decisivamente para a fixação das populações e o desenvolvimento socioe- conómico das zonas rurais. Constitui ainda um forte instrumento de combate à desertificação e de miti- gação dos impactes e das alterações climáticas. As reservas estratégicas de água associadas ao rega- dio são ainda importantes para a promoção da bio- diversidade, de múltiplas atividades socioculturais e estruturantes, bem como no combate aos incêndios. Importa salientar que o fenómeno associado à irre- gularidade e escassez de água tenderá a agravar- -se, no futuro, de acordo com os mais recentes estudos referentes às alterações climáticas, que apontam para uma maior concentração da preci- pitação e períodos secos mais longos, o que obri- gará à construção de mais e maiores reservatórios de regularização interanual. No âmbito dos mes- mos cenários, as temperaturas tenderão a aumen- tar, determinando que a rega se torne ainda mais determinante, mas acentuando também a evapo- ração nas estruturas de armazenamento. A situação descrita implicará maiores custos de armazenamento, impactes ambientais acrescidos e uma gestão mais rigorosa das disponibilidades hídricas. Daí que, e pese embora o custo unitário da água de rega para a agricultura não ser muito elevado, dado tratar-se de água bruta, como os volumes utiliza- dos são muito significativos e hoje em dia, com a generalização da rega sob pressão e os custos ener- géticos associados, é indispensável evoluir no sen- tido do preço da água traduzir o seu custo efetivo, económico e de escassez de modo a haver um uso eficiente e parcimonioso, assegurando, no entanto, que a competitividade da agricultura de regadio não seja comprometida. Esta preocupação deverá estar presente tanto nos regadios coletivos, como nos individuais. Ao nível nacional, os regadios públicos já represen- tam 239.000 ha, os coletivos privados (“regadios tra- dicionais”) 51.000 ha, e os individuais 295.000 ha, perfazendo no seu conjunto 585.000 ha (DGADR, 2016). A área de regadio equipada pelo Estado nos aproveitamentos hidroagrícolas representa, assim, 41% do total. Tendo em vista a utilização eficiente da água nos regadios coletivos devem ser adotadas medidas, com especial atenção nos públicos, que promo- vam a redução das perdas no armazenamento, no transporte e na distribuição, a par da aplicação de um sistema de tarifário em função do volume con- sumido, que traduza o princípio do utilizador/paga- dor. Por sua vez, deverão ser consideradas medidas indutoras da redução das perdas de aplicação de água no solo, através da adoção de métodos de rega mais eficientes que conduzam à diminuição das perdas por arrastamento superficial e por infil- tração profunda, reduzindo a carga poluente sobre as linhas de água e os aquíferos, o que está per- feitamente em linha com o enorme crescimento da rega sob pressão que passou de 22% em 1999 para 68% em 2009, a par da correspondente perda de expressão da rega por gravidade que decres- ceu de 78% para 32% no mesmo período (INE/RA, 2009). No sentido de cumprir o disposto na Diretiva Qua- dro da Água (DQA) – Diretiva n.º 2000/60/CE) e na

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