Cultivar_5_Economia da agua

ALQUEVA – Impactos agrícolas, territoriais e ambientais 19 turais, por vezes muito complexos, que são combi- nações mais ou menos detalhadas de funções dos diversos fatores de produção. Estes modelos de simulação dos sistemas agrícolas requerem geral- mente muita informação de base, para conveniente caracterização dos fatores de produção a conside- rar, informação que nem sempre estará disponível com a qualidade desejável. Em alternativa, recorre- -se com frequência a simplificações mais ou menos intensas e mais ou menos empíricas ou resultan- tes de experiência obtida localmente, acabando a simulação por se limitar ao uso de umas poucas funções de produção de alguns dos principais fato- res. Em relação ao uso de modelos mais completos, perde-se naturalmente rigor nas estimativas. A água é um dos fatores de produção mais impor- tantes, frequentemente o mais importante, assu- mindo o papel determinante. Na gestão da rega os modelos assumem esse papel determinante da água e simulam o balanço hídrico das culturas para que não haja restrição hídrica ou, se tiver de a haver (rega deficitária), para minimizar o seu efeito na redução da produção. É essencialmente nessa ges- tão das necessidades de rega que consiste a conhe- cida metodologia da FAO, descrita em Doorenbos e Kassam (1977), que assume a conhecida função de produção da água atribuída a Stewart (Stewart et al ., 1976) Ya ETa (1 – ——) = Ky (1 – ——) (1) Yc ETc que pode enunciar-se como “a perda de rendimento efetivo Ya em relação ao rendimento potencial é função da sensibilidade da cultura ao stress hídrico ( Ky ) e da restrição de evapotranspiração ”, sendo ETa a evapotranspiração real e ETc a evapo- transpiração cultural (máxima). Para estimar a eva- potranspiração cultural ETc , a metodologia da FAO propõe o uso de coeficientes culturais , com valo- res próprios de cada estádio de desenvolvimento de cada cultura, em proporcionalidade com a eva- potranspiração de referência ETo : ETc = Kc ETo (2) Allen et al . (1998) aperfeiçoaram a metodologia da FAO mediante o desenvolvimento dos componen- tes e condicionalismos dos fatores Em Portugal, popularizou-se o uso do modelo ISA- REG (Teixeira e Pereira, 1992; Teixeira, 1994) para fazer a gestão da rega. Este modelo aplica a meto- dologia da FAO acima descrita, apoiando-se em ficheiros de dados dos solos, das culturas e das condições climáticas. Para as culturas de sequeiro na Bacia do Guadiana, Carvalho et al . (2015) fize- ram uma aproximação regional, centrando a aná- lise na produtividade do fator água, utilizando para o efeito o modelo ISAREG, condicionado a calcular não as necessidades de rega, mas sim a produtivi- dade das culturas em função de fornecimentos de água eventualmente deficitários, conforme os valo- res da precipitação. As produções de referência e a definição das condições de deficiência hídrica basearam-se na experiência regional dos autores. Os quadros I a III apresentam dados e resultados principais relativos às culturas de sequeiro na Bacia do Guadiana. Quadro I – Valores sazonais do coeficiente de resposta do rendimento à água, ou water stress coefficients ( Ky ) e coeficientes culturais ( Kc ) usados no modelo ISAREG como inputs para estimativa do rendimento das culturas em resposta à disponibilidade hídrica, em culturas de sequeiro Crop Ky Kc/ crop stage inicial médio final Trigo de inverno 1.00 0.30 1.15 0.25 Forragem de inverno (*) – – – – Girassol 0.95 0.35 1.15 0.35 Leguminosas para grão 1.15 0.50 1.15 0.30 Pastagens 0.80 0.30 0.75 0.75 (*) a resposta de rendimento da forragem foi estimada com base na relação observada entre biomassas pro- duzidas de forragem e de grão de trigo Fonte : Carvalho et al . (2015) Uma caracterização do regadio na Bacia do Gua- diana foi feita em Serralheiro et al . (2010, 2012) usando também o modelo ISAREG, agora calcu- lando as necessidades de água para rega, na hipó- tese normal de plena disponibilidade hídrica, a que

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