CULTIVAR27

O que pensam os agricultores 69 Um exemplo atual e caricato será o facto de as OP terem de apresentar o seu plano plurianual até ao fim do ano de 2022, e à presente data, já no início de 2023, não existir qualquer orientação nem legislação. Face às orientações que serão promulgadas, os fruticultores terão de apresentar os seus planos devidamente orçamentados, justificados e aprovados, cujo início será o passado dia 1 de janeiro do presente ano. Difícil de acreditar que tal seja real! Outros exemplos serão os inúmeros pedidos que as OP recebem da Administração, em que esta exige resposta em prazos por vezes inferiores a 24 horas. Ou o caso inverso de pedidos das OP cuja resposta por vezes tarda mais de 6 meses. No mercado global para o qual produzimos, o facto de emPortugal os condicionalismos seremsuperiores aos dos nossos concorrentes é um grave fator limitante. 2. Do envelhecimento dos empresários e da falha das políticas de atração de jovens No acesso à atividade são notórias as dificuldades de captação dos jovens, uma vez que muitos não sentem atratividade pela agricultura. Mas talvez a questão mais relevante para o futuro da fruticultura – e da agricultura portuguesa em geral – resida no envelhecimento da população ativa agrícola, que é em grande parte provocado pela falta de adesão das gerações mais novas. A média de idade dos agricultores está nos 66 anos – a mais elevada da União Europeia – e apenas 3,9% dos agricultores têmmenos de 40 anos. Esta situação tem levado os decisores políticos a concederem apoios para a instalação de jovens agricultores. Podemos interrogar-nos, porém, se, para além de óbvias razões de índole económica, o motivo do afastamento da agricultura não se prende também com outras razões, desde logo a débil recompensa que os pais retiram da atividade agrícola e a falta de reconhecimento social por uma atividade que consideramos nobre e imprescindível à sociedade. A prosperidade que atualmente se vive na União Europeia leva a que muita gente esqueça a relevância do mundo rural enquanto produtor de alimentos. De facto, a Administração não tem sabido encontrar uma única via que reforce a instalação dos jovens na agricultura, nem vias que garantam a sua permanência enquanto empresários agrícolas, sendo assustadoramente elevada a sua taxa de abandono. É assim desoladora a ineficácia das medidas que deviam garantir o rejuvenescimento dos empresários agrícolas. Consideramos que só será possível garantir a atratividade para os empresários jovens se a atividade agrícola for economicamente frutuosa e compensada como tal. Um exemplo do que poderá ser feito: As dificuldades de mão de obra para as campanhas de fruta, nomeadamente nas colheitas que ocorrem no verão, são um outro custo de contexto que impede o normal desenvolvimento do sector. Sugere-se a implementação de um sistema simplificado de atração de jovens estudantes em férias (bem como de reformados), com base numa contratação simplificada e eventualmente apoiada com subsídio. Será uma forma de os jovens conhecerem e terem contacto com a natureza e o meio rural, possibilitando uma visão desse mundo e uma eventual adesão ao setor no seu futuro profissional.

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