Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 10 DEZEMBRO 2017 48 e o IRC incidirem sobre estes subsídios provenien- tes de impostos pagos, sobretudo, por contribuin- tes estrangeiros). Este assunto (dos efeitos da polí- tica) é de grande relevo no âmbito de estudos sobre o futuro das explorações, sendo o elemento diferen- ciador nos estudos da viabilidade e rentabilidade das explorações. Outra questão é o efeito que pro- duzem no comportamento dos agricultores e deciso- res agrícolas. A sua perma- nência em prazo mais ou menos alargado (costuma ouvir-se dizer que é pre- ciso aproveitar bem os fun- dos do próximo programa comunitário, porque é bem possível que seja o último!...) tem influência na forma como a gestão é exercida, através da mode- ração que a segurança e estabilidade lhe assegu- ram, face à ação exclusiva do mercado. Áreas críticas Os problemas que o setor agrícola sempre enfren- tou levaram a que seja hoje constituído por um conjunto de explorações com determinada orien- tação produtiva, dimensão física e económica. Mui- tas foram as pessoas que nelas aplicaram os seus recursos e viveram direta- mente dos seus produtos. Muitas delas foram resol- vendo ao longo do tempo os seus problemas, outras não, em processos abrup- tos ou prolongados, que levaram ao encerramento de explorações e ao consequente abandono do espaço rural por parte dessas pessoas. A primeira área crítica da mudança resulta do defi- nhamento progressivo das explorações até ao abandono total da atividade agrícola, não sendo situação isolada acontecer que, em algumas zonas rurais, deixem de existir explorações agrícolas. Sobretudo, zonas com fraca aptidão agrícola, quer em qualidade quer em dimensão. O que permitirá um repovoamento baseado em atividade rentável ou viável? E um novo reordenamento do espaço e da paisagem? Aquele espaço voltará a ter uma qual- quer atividade económica? A diminuição da população das áreas rurais, que sem- pre teve caminho aberto para o estrangeiro e os grandes centros urbanos, apresentou, na fase recente de grandes alterações no setor agrícola, movimentos que passaram primeiro por centros urbanos com forte ligação ao rural, ao nível dos concelhos e dos próprios distritos. Tal ainda permite soluções, pela permanência dos recursos necessários em zonas de proximidade acessíveis, que contrariem o aban- dono de espaços anteriores ocupados. Na verdade, os problemas que o setor hoje enfrenta exigem novas soluções. Os recursos humanos dis- poníveis serão os necessários e qualificados para as soluções mais eficientes em determinadas zonas rurais? A mobilidade mais fácil e a possibilidade de alguns trabalhos se poderem fazer à distância dimi- nui a área crítica do traba- lho que se coloca quer ao nível do trabalho perma- nente, eventual ou através de prestação de serviços. A utilização da prestação de serviços pode ser feita a par- tir de trabalhadores individuais e a partir de empre- sas que terão na obtenção dos recursos necessários uma das suas preocupações centrais. Os concelhos inseridos em zonas agrícolas podem ter capaci- dade para a geração de várias empresas de pres- tação de serviços, o que é bom para as explora- ções pela existência de concorrência. A capacidade de gerar outras atividades que possibilitem dispo- A primeira área crítica da mudança resulta do definhamento progressivo das explorações até ao abandono total da atividade agrícola, não sendo situação isolada acontecer que, em algumas zonas rurais, deixem de existir explorações agrícolas. A mobilidade mais fácil e a possibilidade de alguns trabalhos se poderem fazer à distância diminui a área crítica do trabalho que se coloca quer ao nível do trabalho permanente, eventual ou através de prestação de serviços.

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