CULTIVAR 1 - Volatilidade dos Mercados Agrícolas

106 desenvolvimento, zona onde a incidência deste proble- ma é mais grave. Apesar deste progresso, 13,5% da po- pulação mundial continua cronicamente malnutrida nestas regiões, contra 23,4% em 1990-92. O Objetivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) de reduzir para metade até 2015 a proporção de po- pulação mal nutrida no mundo em desenvolvimento, pode ainda ser alcançada, desde que sejam desenvolvi- dos esforços imediatos consideráveis, particularmente nos países emque a evolução deste processo estagnou. Apesar do progresso alcançado, grandes assimetri- as prevalecem nas regiões em desenvolvimento. O les- te e o sudeste asiático, já atingiram o ODM relativo à fome, enquanto o Cáucaso e a Ásia Central estão em vias de o conseguir. A América latina e as Caraíbas não só já atingiram o ODM, como estão quase a atingir o objetivo mais ambicioso da Cimeira Alimentar Mundial de reduzir para metade o número de malnutridos. Por outro lado, a África subsariana e o sul e oes- te asiático registaram um progresso insuficiente para atingir o ODM. A África subsariana tornou-se o domi- cílio de mais de um quarto das pessoas subnutridas do mundo, devido ao aumento de 38 milhões de pessoas com fome desde 1990-92. Segundo o Diretor Geral da FAO, J. Graziano da Silva , nas suas alocuções ao Global Fórum para a Ali- mentação e Agricultura 2015 realizado em Berlim, para alimentar 9 biliões de pessoas em 2050 a nível mundial, será necessário aumentar a produção de ali- mentos em 60%. Por outro lado, satisfazer as necessidades ali- mentares futuras com base no modelo de agricultu- ra intensiva aplicado nos últimos 40 anos implica um consumo de mais 50% de energia e de mais 40% de água. As alterações climáticas e o aumento da con- corrência no uso dos recursos naturais, água e solo, aumentam os desafios que se colocam à melhoria da segurança alimentar. É necessário produzir mais com menos impacto, utilizando processos que sejam economicamente, so- cialmente e ambientalmente sustentáveis. J. Graziano da Silva considera que a sustentabilidade não deve ser exigida só do lado da produção, sendo necessária tam- bém uma abordagem ao nível da cadeia alimentar que abranja a pós-colheita, a comercialização e o consumo, e que tenha em vista também a redução das perdas ali- mentares e o desperdício. No que respeita aos biocombustíveis, é da opinião que se tem de evoluir de um debate “alimentação ver- sus combustível” para um debate “alimentação e com- bustível”. A alimentação deve ter prioridade, mas os biocombustíveis não podem ser vistos como uma ame- aça. Considera que a sua procura tem tido um efeito es- tabilizador dos preços dos alimentos, evitando que os preços agrícolas caíam ao ponto de os agricultores se- rem desencorajados de produzir. Para J. Graziano da Silva, importa ainda que os sis- temas alimentares sejam inclusivos, criadores de em- prego e de valor, especialmente para os produtores familiares, os pequenos produtores, e a juventude, de- vendo ser desenvolvidas políticas que respondam às suas necessidades, edificadas no seio do seu conhe- cimento e que respeitem as suas tradições. O apoio a conceder deve abranger a garantia de acesso aos re- cursos naturais, como terra e água, crédito, mercados e informação, bem como o reforço das capacidades.

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