Cultivar_8_Digital

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 8 JUNHO 2017 26 mulados ao longo de gerações são o resultado da interligação dos indivíduos com a biodiversidade e os ecossistemas locais, bem como da satisfação de necessidades básicas (e.g. alimentação, cuidados primários de saúde) e sociais (e.g. rituais, valores, ritmos e significados). Por exemplo, muitas espé- cies silvestres (e também ancestrais de espécies cultivadas) são ainda recursos alimentares e medi- cinais com impacto no bem-estar de muitos povos. A manipulação e consumo destas espécies em dife- rentes regiões do mundo refletem a diversidade do conhecimento local e acima de tudo a identidade cultural inerente (Turner el al ., 2011; Carvalho & Barata, 2016), informação relevante em termos de gestão e conservação dos recursos, mas também de diversificação das dietas e de segurança alimen- tar a nível global. Referências Aguiar, C., & Azevedo, J. (2012). A floresta e a restituição da fertilidade do solo nos sistemas de agricultura orgânicos tradicionais do NE de Portugal. In J. P. Tereso, J. Hon- rado, A. T. Pinto & F. Castro Rego (Eds.), Florestas do norte de Portugal. História, ecologia e desafios de gestão . Porto: INBIO – Rede de Investigação em Biodiversidade e Biolo- gia Evolutiva. E-book Aguilera, M., Araus, J., Voltas, J., Rodríguez-Ariza, M., Molina, F., Rovira, N., Ferrio, J. (2008). Stable carbon and nitrogen isotopes and quality traits of fossil cereal grains provide clues on sustainability at the beginnings of mediterra- nean agriculture. Rapid Communications in Mass Spec- trometry, 22 , 1653-1663 Brown, T., Jones, M., Powell, W., & Allaby, R. (2009). The com- plex origins of domesticated crops in the Fertile Crescent. Trends in Ecology & Evolution, 24 (2), 103-109 Carvalho, Ana Maria & Barata, Ana Maria (2016). The Con- sumption of Wild Edible Plants. In Ferreira, Isabel C.F.R., Morales Gomez, P. e Barros, L. (eds). Wild Plants, Mushrooms and Nuts: Functional Properties and Food Applications . Wiley-Blackwell. Cap. 6, pp. 159-198 Clement, C. (1999). 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. I. The relation between domestica- tion and human population decline. Economic Botany, 53 , 188-202 Denison, R. (2012). Darwinian Agriculture: How Understanding Evolution can Improve Agriculture . Princeton, N.J.: Prince- ton University Press Harlan, J. (1995). The Living Fields: our Agricultural Heritage . Cambridge: Cambridge University Press. Hillman, G., Mason, S., de Moulins, D., & Nesbitt, M. (1996). Identification of archaeological remains of wheat: The 1992 London Workshop. Circaea, 12 , 195-209 MacDonald, G., Bennett, E., & Taranu, Z. (2012). The influence of time, soil characteristics, and land-use history on soil phosphorus legacies: a global meta-analysis. Global Change Biology, 18 (6), 1904-1917 Shenan, S. (2002). Genes, Memes and Human History. Darwi- nian Archaeology and Cultural Evolution . London: Tha- mes & Hudson Turner, N. J., Łuczaj, Ł. J., Migliorini, P., et al. (2011) Edible and Tended Wild Plants, Traditional Ecological Knowle- dge and Agroecology. Critical Reviews in Plant Sciences 30, 198–225 Wiersum, K. . (2008). Domestication of trees or forests: deve- lopment pathways for fruit tree production in South- -east Asia. In F. Akinnifesi, R. Leakey, O. Ajayi, G. Sileshi, Z. Tchoundjeu, P. Matakala & F. Kwesiga (Eds.), Indige- nous fruit trees in the tropics: domestication, utilization and commercialization (pp. 70-83). Wallingford: CAB International O CIMO – Centro de Investigação de Montanha tem uma já longa tradição de reconhecimento e inven- tariação da diversidade biológica, concretamente em plantas vasculares e macrofungos, em Portugal Continental e Ilhas. Um grupo de investigadores de etnobotânica trabalha na recolha e processamento de informação relativa aos usos e costumes ligados às plantas (cultivadas ou bravias) e cogumelos (e.g. uso alimentar, medicinal e veterinário). Uma outra equipa do CIMO analisa os aspetos nutricionais, quí- micos, bioquímicos e microbiológicos das mesmas plantas e macrofungos. Esta informação, por sua vez, serve de base a projetos de inovação em processa- mento alimentar e de desenvolvimento de novos ingredientes e produtos para a indústria alimentar, nomeadamente de substitutos de aditivos sintéti- cos (e.g., conservantes, corantes, aromas), com inte- resse alargado em muitos outros setores industriais. Paralelamente, decorrem estudos agronómicos clás- sicos; e.g. ensaios de fertilização, cultivares, densi- dades e épocas de sementeira, e sistemas de con- dução e poda.

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