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Agricultura e biodiversidade: uma diversidade de temas 19 quanto à respetiva extensão, frequência e intensi- dade (Meffe e Carroll 1997). Esta noção questionou velhas ideias segundo as quais a diversidade bioló- gica seria máxima em ecossistemas em equilíbrio (clímax da sucessão) e não perturbados. A hipótese representa-se graficamente na forma de um U invertido num gráfico com o nível de pertur- bação (frequência, intensidade ou extensão) em abcissas e a diversidade de espécies ao nível da paisagem (diversidade gama) em ordenadas. Como vimos acima, a existência de AAEVN sugere que o nível de biodiversidade em determinados sistemas agrários europeus assume a forma de um U inver- tido num gráfico em que o nível de intensidade agrí- cola está representado em abcissas. A intensidade agrícola está associada à intensidade e frequência de perturbações artificiais tais como lavouras, adu- bações, aplicações de herbicidas ou inseticidas, colheitas ou episódios de pastagem. Deste modo, a ideia de AAEVN com o pico de diversidade em níveis intermédios de intensidade coincide com a hipó- tese de Connell, se identificarmos nível de inten- sidade com nível de perturbação. E se o modelo subjacente de resposta da diversidade for este, a opção de renaturalização (abandono da gestão) não será necessariamente a melhor opção em ter- mos de conservação. Igualmente, a intensificação produtiva numas terras para entregar as restantes à natureza ( land sparing ) não será também uma boa opção em termos de conservação (ver também o artigo de Moreira e Lomba neste volume). Referências bibliográficas Bignal, E. e D. McCracken (1996): The Ecological Resources of European Farmland, em: M. Whitby (ed.) The European Environment and CAP reform. Policies and Prospects for Conservation . CAB International, Wallingford, Oxon, UK, págs. 26-42 Connell, J. H. (1978): Diversity in tropical rain forests and coral reefs, Science , vol. 199, págs. 1302-1310 Agência Europeia do Ambiente (2004): High Nature Value Farmland. Characteristics, Trends and Policy Challenges . Agência Europeia do Ambiente, Copenhaga Hamilton, A. J. (2005): Species diversity or biodiversity?, Jour- nal of Environmental Management , vol. 75, págs. 89-92 Jennings, M. D. (1996): Some Scales for Describing Biodiver- sity. GAP Bulletin Number 5 (June 1996). GAP Analysis Program, Moscow, Idaho (http://www.gap.uidaho.edu/ bulletins/5/ssfdb.html acedido 24-06-2007) Meffe, G. K. e C. R. Carroll (1997): Conservation Reserves in Heterogeneous Landscapes, em: G. K. Meffe e C. R. Car- roll (eds.), Principles of Conservation Biology . 2ª Edição. Sinauer Associates Publishers, Sunderland, Massachu- setts, págs. 305-343 Millennium Ecosystem Assessment (2005): Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Sinthesis . World Resour- ces Institute, Washington DC Myers, N. (1997): Global Biodiversity II: Losses and threats. Em: G. K. Meffe e C. R. Carroll (eds.), Principles of Conser- vation Biology . 2ª Edição. Sinauer Associates Publishers, Sunderland, Massachusetts, págs. 123-158 Noss, R. F. e B. Csuti. (1997): Habitat Fragmentation. Em: G. K. Meffe e C. R. Carroll (eds.), Principles of Conservation Biology . 2ª Edição. Sinauer Associates Publishers, Sun- derland, Massachusetts, págs. 269-304 Stoate, C., M. Araújo e R. Borralho (2003): Conservation of european farmland birds: abundance and species diver- sity, Ornis Hungarica , vols. 12-12, págs. 33-40 Tucker, G. M. e M. F. Heath (1994): Birds in Europe. Their Con- servation Status . Birdlife Conservation Series N.º 3. Bir- dlife International, Cambridge Whittaker, R. H. (1960): Vegetation of the Siskiyou mountains, Oregon and California, Ecological Monographs , vol. 30, págs. 279-338 Whittaker, R. H. (1977): Species diversity in land communi- ties, Evolutionary Biology , vol. 10, págs. 1-67

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