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77 Perspetivas e Realidades do Crescimento Azul MIGUEL MIRANDA Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) 1. Introdução A estratégia denominada “crescimento azul” foi desenvolvida pela União Europeia como um dos pilares para o desenvolvimento económico da Europa e a recuperação do emprego. De entre os seus vetores fundamentais destaca-se a importân- cia da inovação “amiga do ambiente”, o reforço do papel das PME, e a simplificação administrativa. A expetativa da União Europeia é a de que as ativi- dades económicas dependentes do mar poderão ser incrementadas de forma significativa nas próxi- mas décadas, podendo a Europa desempenhar um papel liderante no desenvolvimento de novas áreas de atividade e no redesenho das atividades maríti- mas e marinhas convencionais. A determinação dos indicadores capazes de estimar o valor da economia do mar, que possam quantifi- car o “crescimento azul” e assim avaliar os resultados da aplicação das novas políticas, torna-se particu- larmente difícil pela inexistência de uma metodolo- gia estatística consolidada, pela informalidade de muitos dos atores económicos ligados às ativida- des marinhas, pelo reduzido valor relativo estrito, e pela complexidade das cadeias de valor que depen- dem no todo ou em parte de atividades marinhas ou marítimas. Setores tão diversos como a aqua- cultura, o turismo e lazer, a biotecnologia, a mine- ração e a energia, dependem criticamente do mar, sendo o seu crescimento em termos de valor e de emprego considerado como uma das oportunidades da Europa e em particular dos países detentores de uma vasta área marinha, como é o caso de Portugal. As áreas da ciência e a tecnologia que deverão suportar o desenvolvimento da economia do mar são muito diversificadas. Têm relevância para a eco- nomia do mar as ciências naturais (que definem um quadro de sustentabilidade para as estratégias económicas contribuindo para a mitigação do seu impacto no ambiente marinho, ou desenvolvem novos modelos biológicos ou geológicos que per- mitem a identificação de novas oportunidades para a economia), as ciências da engenharia (que rede- senham novos processos de fabrico, de deteção, de transmissão de informação ou de gestão, ou “mari- nizam” tecnologias já desenvolvidas) ou as ciências económicas e sociais (que melhoram a compreen- são da dinâmica das comunidades associadas ao mar, das relações de trabalho, ou do quadro legal da economia azul. 2. Componentes do Crescimento Azul A avaliação realizada pela Comissão Europeia em 2008 (CEC, 2008) permitiu concluir que a economia marítima e marinha gerava entre 3 e 5% do Pro-

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