Cultivar_4_Tecnologia

Glifosato, transgénicos e (falta de) precaução 39 ção anual de 14350 litros de herbicida. Assumindo a proporção do Spasor , 92% da área do concelho será tratada com a tal dose máxima. Este valor é consis- tente com um concelho composto quase exclusiva- mente por arruamentos. Estes dois exemplos são significativos pela sua representatividade nacional e não devem ser sin- gularizados. Por outro lado nem todas as câmaras pensam da mesma forma e algumas – por enquanto uma pequena minoria – adotaram já alternativas mecânicas, térmicas e manuais que protegem cida- dãos e ambiente. Crescimento exponencial da contamina- ção Não é só em Portugal que o consumo de glifosato está em crescendo. Análises realizadas noutros paí- ses mostram que ele está abundantemente presente no ar, solo, chuva, água de consumo, bebidas, mui- tos tipos de alimentos e até leite materno e urina humana. Isto não é de admirar num pesticida que é aplicado mundialmente à taxa de 720 mil toneladas por ano. O que é notável é 72% do total de glifosato aplicado mundialmente nos últi- mos 40 anos...ter sido apli- cado na última década. Isto equivale a dizer apro- ximadamente que nos últimos dez anos se gastou sete vezes (700%!) mais glifosato do que seria de esperar face a períodos anteriores. A razão foi des- vendada em artigo científico recente 5 e descreve- 5 ( http://enveurope.springeropen.com/articles/10.1186/ s12302-016-0070-0) -se numa sigla: OGM (organismos geneticamente modificados). Glifosato e Organismos Geneticamente Modificados Neste momento 80% dos transgénicos cultivados no mundo (embora não em Portugal) foram gene- ticamente manipulados para tolerar glifosato 6 , ou seja, sobreviver à sua aplicação enquanto as infes- tantes (quando tudo corre como esperado) mor- rem. Desde que estas culturas foram introduzidas em 1996 o uso de glifosato – como seria de esperar – aumentou. O que ninguém se lembraria de anteci- par é que esse consumo iria aumentar quase quinze vezes desde então. Atualmente, no seu conjunto, os OGM absorvem 56% de todo o glifosato consumido anualmente a nível mundial. Este cenário, já de si tre- mendo, empalidece ao verificar-se que os OGM tolerantes ao glifosato estão circunscritos sobre- tudo a quatro espécies (soja, milho, colza e algo- dão) e a cinco países (no seu conjunto os Estados Unidos, Brasil, Argentina, Índia e Canadá represen- tam 90% da área cultivada no mundo com OGM). 7 Na calha das aprovações de novos OGM constam por exemplo o arroz e o trigo, espécies que – no seu con- junto – ocupam cerca de 400 milhões de hectares. Se, tal como a indústria pretende, estas variedades virem em breve a luz verde da comercialização, e se, tal como a Comis- 6 ( www.agbioforum.org/v12n34/v12n34a10-duke.htm) 7 ( www.isaaa.org/resources/publications/briefs/49/execu- tivesummary/default.asp) Neste momento 80% dos transgénicos cultivados no mundo (embora não em Portugal) foram geneticamente manipulados para tolerar glifosato , ou seja, sobreviver à sua aplicação enquanto as infestantes (quando tudo corre como esperado) morrem. Desde que estas culturas foram introduzidas em 1996 o uso de glifosato – como seria de esperar – aumentou. O que ninguém se lembraria de antecipar é que esse consumo iria aumentar quase quinze vezes desde então. Atualmente, no seu conjunto, os OGM absorvem 56% de todo o glifosato consumido anualmente a nível mundial.

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