Cultivar_4_Tecnologia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 4 JUNHO 2016 110 curando e descobrindo novas tecnologias e inova- ções para melhorarem a sua produção. No entanto, a legislação da UE nem sempre lhes permite fazer pleno uso dessas tecnologias. E uma vez que os consumidores e os cidadãos não conhecem a agri- cultura contemporânea de ponta, tendo uma ima- gem do setor agrícola frequentemente romântica e antiquada, Huitema pretende igualmente mostrar que este é um dos setores económicos mais dinâ- micos da Europa. De qualquer modo, hoje em dia tudo muda muito rapidamente, graças às novas tecnologias e à infor- matização, o que pode traduzir-se em inúmeros benefícios económicos e ambientais. Por exemplo, com a agricultura de precisão é possível reduzir as quantidades necessárias de fitofármacos, fertilizan- tes ou até mesmo de água. Os progressos alcan- çados nas tecnologias agrícolas ajudam a prever quais as pragas que poderão atacar as plantas ou se irão atacar uma zona muito específica de uma parcela, dispensando assim o tratamento de toda a parcela. O mesmo acontece com os fertilizantes ou a água, entre outros fatores. Estes processos não são muito diferentes na pro- dução pecuária, onde a tecnologia tem vindo a permitir que os agricultores previnam cada vez mais as doenças. Assim, antes mesmo de um ani- mal adoecer é possível, por exemplo, efetuar uma intervenção precoce, muitas vezes até sem recor- rer a medicamentos. Quanto maior for o conheci- mento, melhor será a gestão e menor a necessidade de matérias-primas, medicamentos (como antibió- ticos) ou outros fatores de produção. Novos e ino- vadores sistemas de estabulação podem também ajudar, contribuindo em muito para a saúde e o bem-estar animal. Durante décadas, os agricultores utilizaram o poder da natureza. Recorrendo agora a novas tecnologias e a novos conhecimentos, poderemos continuar a fazê-lo, mas de uma forma mais eficiente e mais eficaz do que nunca. Dois exemplos: nas técnicas de gestão integrada de pragas, recorre-se a insetos para combater pragas e doenças; um maior conhe- cimento sobre a qualidade do solo e das raízes per- mite desenvolver fertilizantes naturais para tornar as culturas mais resistentes. Ou seja, utilizando o poder da natureza com inteligência, poderemos contribuir decisivamente para reduzir o impacto ambiental da produção agrícola. As tecnologias inovadoras podem também criar emprego nas zonas rurais e contribuir para redu- zir a distância entre agricultores e consumidores. Novos modelos de negócio poderão encurtar a cadeia de abastecimento alimentar, de tal modo que os agricultores consigam mais facilmente ven- der os seus produtos diretamente aos consumi- dores. A promoção dos produtos poderá ser feita através das redes sociais, e na Internet será pos- sível acompanhar todo o ciclo de vida de um pro- duto, por exemplo. Tudo isto tornará o setor agrí- cola mais atraente, aumentando igualmente a atratividade das zonas rurais, o que, por sua vez, incentivará as empresas a investirem nesse espaço rural mais dinâmico. É, por isso, muito importante que as políticas da UE se centrem nestas ques- tões, fornecendo aos agricultores os instrumentos adequados. Nos Países Baixos, os agricultores estão a inves- tir em tecnologias inovadoras, como os robôs de ordenha, e um pouco por toda a parte, enquanto virem os benefícios da inovação, eles irão certa- mente continuar a investir. O desenvolvimento de drones para a agricultura de precisão é um exem- plo claro da forma como a inovação está a gerar crescimento do emprego: há também necessidade de gente que crie software para ajudar os agriculto- res a utilizarem estas novas tecnologias. Um maior volume de informação pode ajudar os agricultores a tomarem decisões, mas é igualmente importante que alguém analise esses dados ou crie aplicações que o façam. Trata-se de um processo complemen- tar, mas é de facto uma nova abordagem àquilo que a agricultura é hoje.

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