CULTIVAR27

66 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 27 JANEIRO 2023 – Custos de contexto Luís Fernando Bulhão Martins11 “67 anos, engenheiro agrónomo, empresário agrícola e dirigente associativo”, nomeadamente na ANPROMIS – Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo, na ANCPA – Associação Nacional de Criadores de Porco Alentejano e na Cersul, Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul S.A., o primeiro agrupamento de produtores de cereais e oleaginosas do país, criado em 1990 e que reúne atualmente 170 agricultores da região, num total de 60 mil hectares, sendo membro do Clube Português dos Cereais de Qualidade. Este, por sua vez “é o primórdio de uma associação interprofissional. Existe há [24] anos com o objetivo de juntar toda a cadeia de valor dos cereais de elevado valor acrescentado, nomeadamente, trigo mole panificável, trigos de força, trigos para baby food, trigo duro, cevada dís11 Depoimento recebido por escrito. Imagens de Luís Bulhão Martins, BA4 – Agriterra e Lusosem. 12 Entrevista de Luís Bulhão Martins à Lusosem, 2015: https://www.lusosem.pt/noticias/a-lusosem-e-muito-conhecedora-do-mercado-das-sementes-de-cereais tica, gritz a partir de milho, com vista à obtenção de matérias-primas para alimentação humana que correspondam às exigências de qualidade do mercado e do consumidor.”12 A Cersul criou também a Associação de Agricultores para a Agricultura de Precisão. “Temos uma exploração relativamente grande, bem equipada, situada no Alentejo interior em concelhos rurais muito fragilizados e com gravíssimos problemas em termos de indicadores demográficos. O aproveitamento é misto, conciliando atividades vegetais e animais em modo extensivo. Beneficiários de investimento público em regadio em cerca de 20% da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) estamos, no entanto, relativamente limitados em termos de produtividade, dada a natureza algo deficiente da maioria dos solos e acentuada aridez do clima na região. No momento atual, podemos indicar como principais grupos de custos de contexto: 1. Dificuldade no acesso aos mercados. Distância e custos elevados associados ao transporte. Organização da produção e concentração da oferta deficiente e cara. A agroindústria está quase sempre longe da produção; 2. Falta de mão-de-obra e quase total inexistência de prestadores de serviços na região. Dificuldades e custo muito elevado da formação em contexto de trabalho; 3. Difícil e morosa interlocução com a Administração Pública a todos os níveis, mas sobretudo nas áreas mais determinantes para o exercício da atividade agrícola – licenciamentos, acesso a apoios públicos e ao abrigo da Política Agrícola Comum (PAC), justiça, entre outros; 4. Custos derivados da grande desadaptação entre as exigências e os requisitos para o funcionamento legal das empresas e a especificidade da empresa agrícola. A administração tem um conhecimento cada vez menor do sector;

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