cultivar_25_Investimento_agricultura

7 Com esta publicação atingimos a 25ª edição da Cul- tivar, que corresponde a um caminho de quase oito anos, em que abordámos uma multiplicidade de temas sobre o desenvolvimento da agricultura, do território, do mar, dos recursos naturais, da econo- mia rural, da alimentação, e que nos tem sido muito útil para analisar, divulgar e receber conhecimento. Pretendemos persistir no cultivo deste espaço de reflexão e, neste número, trazemos como tema de fundo o investimento , o qual tem tido uma centrali- dade nas políticas públicas dedicadas ao setor agrí- cola. A nosso ver, encontramo-nos nummomento de transformação do perfil do investimento e do inves- tidor que aconselham a uma atuação progressiva de alteração dos instrumentos de incentivo. Com efeito, a produtividade do capital fixo na agri- cultura parece estar a descer, sobretudo em com- paração com o resto da economia. Os instrumentos tradicionais de investimento tendem a introduzir um enviesamento no sentido do investimento em capital fixo, porque pago parcialmente por apoios públicos, em detrimento da utilização de serviços de investimento (em transporte, armazenagem, máqui- nas, tecnologia digital, …), que reduzem custos mas são pagos pelos investidores. Esta questão é tanto mais pertinente quanto se verifica uma tendência na restruturação do perfil de investimentos e da sua relação com os consumos intermédios. Com efeito, a externalização de serviços leva a uma transferência do investimento em equipa- mentos para soluções de contratação externa. Esta tendência começa a verificar-se no terreno e surge da racionalidade, eficiência e flexibilidade sentidas pelos agricultores, sendo promotora de ganhos eco- nómicos e ambientais. Assim, sem prejuízo dos benefícios que decorrem do incentivo ao investimento que não se realizariam por falhas de mercado, o seu figurino tradicional, quer na programação, quer na gestão destes apoios neces- sita de transformações. Essa é uma conclusão que se pode tirar do conjunto dos artigos deste número, que evidenciam as fragilidades do modelo atual e a necessidade e capacidade de os agricultores procu- rarem respostas e caminhos alternativos. O sentido dessas necessárias mudanças não será tão consensual. É possível melhorar o quadro existente, isto é, consegue a administração fazer a triagem ade- quada de projetos a apoiar, excluindo quer projetos que são eficientes do ponto de vista privado (valor líquido atualizado positivo face ao custo privado), mas não do público (valor líquido atualizado nega- Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-geral do GPP

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