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76 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 25 ABRIL 2022 – Investimento na agricultura vavelmente a mais importante desde a substituição da tração animal: os sistemas de rega automáticos e, numa primeira linha, os pivôs centrais de irrigação ( center pivots ). “Revoluções” desta envergadura constituem, enquanto o mercado não as absorve totalmente, boas oportunidades de negócio. Eu tive a sorte de estar na primeira linha desse movimento. Saí de uma instituição de crédito especializada no setor, excelente “escola” de agronegócio e, fruto de um conjunto de circunstâncias, foi possível criar a Valin- veste, assente num conjunto de princípios, nem todos muito claros na altura da arrancada: Base teórica Dispomos de níveis de radiação solar comparativamente elevados no quadro da UE – na altura, o mercado de referência – não apro- veitados pelas plantas devido ao défice hídrico no período de prima- vera-verão. A irrigação é a forma de libertar esse potencial produtivo. Tecnologia inovadora Surgiram no mercado português os primeiros pivôs centrais. Estes sistemas de rega modificaram o conceito de aptidão das terras para regadio, até aqui confinado aos solos onde se podiam aplicar os métodos tradicionais de alaga- mento. Se até então só os solos planos e de textura mediana ou pesada eram aptos para irrigação, a partir daí passaram a poder também ser regados solos ligeiros ou com algum declive, sempre comprecisão. Dezenas de milhares de hecta- res entraramno “mercado” do regadio, comumexce- lente nível de automatização e regularidade. Desde a charneca ribatejana até à lezíria de Vila Franca, no Alentejo, solos com dificuldade na emergência de culturas semeadas, todos atingiam elevados níveis produtivos. Modelo de negócio Não dispondo de terra, associámo-nos a proprietá- rios. Na maioria dos casos, foi a Valinveste a fazer o investimento de adaptação ao regadio – captação de água, eletrificação, equipamentos  –, explorando as parcelas durante o período de tempo necessário à amortização do investimento e à realização de mais- -valias. Após esta fase, tudo revertia para o proprie- tário, sendo que, normalmente, a exploração da par- cela continuava a contar com o nosso apoio técnico, sempre associado ao risco produtivo. Assim, atingimos uma área explorada importante – mais de 2 000 hectares de milho e 600 de beterraba –, o que permitiu estabelecer parcerias com outras empresas da fileira e algumas economias de escala, apesar de dificultadas pelas distâncias entre parce- las localizadas desde o norte do Ribatejo ao Baixo Alentejo. Na fase atual, em que as áreas exploradas se reduzem por dificuldades concorrenciais com outros sistemas de produção, essas parcerias, de que a Agroglobal é o maior exemplo, assumem mais protagonismo no negócio Valinveste. Figura 1 – Irradiação Horizontal Global (GHI), na Europa Fonte: SolarGIS

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