cultivar_25_Investimento_agricultura

44 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 25 ABRIL 2022 – Investimento na agricultura na UE, e uma maior represen- tatividade da agricultura a tempo parcial, complemen- tar de rendimentos de apo- sentações e trabalho. A integração de Portugal no mercado único da União Europeia (UE) ao mesmo tempo da Espanha, um forte concorrente de mercado nas mesmas produções agrícolas e agroalimentares, forte pro- dutor e exportador, assente em custos de produção mais baixos na energia, ele- tricidade e combustíveis, fertilizantes, fitofármacos, seguros agrícolas, etc., aporta uma grande limitação ao crescimento de algumas fileiras (e.g. morango) e, no geral, um considerável balizamento à rentabili- dade de muitas das explora- ções agrícolas nacionais. Os objetivos políticos da UE e do Estado português pas- sam pela disponibilização de alimentos muito baratos aos seus cidadãos como forma de controlar o valor da inflação. Executam esta política pro- movendo a forte concorrência no mercado interno único europeu dos produtos agrícolas e agroalimen- tares, não prescindindo da segurança alimentar, e obrigando dentro da União ao cumprimento de aper- tadas regras ambientais e sociais. Além disso, para aumentar o handicap do agricultor, a UE autoriza a abertura do mercado europeu a países terceiros para este tipo de produtos, como contrapartida de expor- tações industriais, sendo duvidosas as condições de produção nesses países e se os seus agricultores cumprem as mesmas regras que os europeus. Ao prescindir de uma moeda nacional própria e tendo aderido a uma moeda forte, Portugal aumen- tou as dificuldades dos seus agricultores para serem sustentáveis. Uma moeda forte implica maior rigor, disciplina, gestão cuidada na utilização de fatores, e aumento dos custos de produção face a países ter- ceiros que possuem moedas mais fracas. Como conse- quência, tem havido prati- camente durante os últimos vinte anos uma estagnação dos preços de mercado, do rendimento líquido da ativi- dade, etc. (os agricultores que conseguiram ganhar dinheiro fizeram-no à conta de uma subida percentual da pro- dutividade acima da subida percentual dos custos dos fatores de produção). O contexto social é desfavorável à agricultura, por- que a sociedade portuguesa no passado definia-a como “ a arte de empobrecer alegremente ” e hoje temuma visão urbana desfasada da realidade do ter- reno, fraturante. Por exemplo, algumas franjas da sociedade não aceitam as explorações pecuárias, outras confundem desordenamento cultural e monocultura com agricultura intensiva e, por isso, assacam a esta última as responsabi- lidades dos males gerados pelas anteriores, apesar de ser o sistema que tem menor impacto ambiental por unidade de produto, desde que se respeitem as melhores regras ambientais de instalação e produ- ção. Há um desenvolvimento altamente assimétrico entre regiões geográficas do país, com maior desen- volvimento na área urbana de Lisboa, Algarve e Madeira; há forte atração populacional para habitar e viver entre Braga e Setúbal, litoral do Algarve e cidades nas Regiões Autónomas, assente em maior oferta de oportunidades de trabalho e melhor remu- neração, junto com maior número e diversidade de infraestruturas de qualidade ao nível da saúde, edu- cação, lazer e cultura. Como reverso da medalha, as restantes regiões, com maior acuidade do Inte- rior ao longo da fronteira com Espanha, possuem baixo nível de desenvolvimento, estão deprimidas A integração de Portugal no mercado único da UE ao mesmo tempo da Espanha, um forte concorrente de mercado nas mesmas produções agrícolas e agroalimentares ... aporta uma grande limitação ao crescimento de algumas fileiras ... e, no geral, um considerável balizamento à rentabilidade de muitas das explorações agrícolas nacionais. O contexto social é desfavorável à agricultura, porque a sociedade portuguesa no passado definia-a como “a arte de empobrecer alegremente” e hoje tem uma visão urbana desfasada da realidade do terreno, fraturante.

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