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114 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 25 ABRIL 2022 – Investimento na agricultura • Eficiência no uso de fatores de produção: pro- dutividade da terra (euro/hectare), produtivi- dade do trabalho (euros/UTA) e produtividade dos consumos intermédios (euro/euro). Usandodados estatísticos doEUROSTAT e dodeparta- mento de agricultura dos EUA (USDA), realizou-se uma análise de clusters para agrupar os países em tipos o mais homogéneos possível. Numa primeira etapa, estabeleceu-se uma matriz de correlações para retirar do estudo as variáveis fortemente correlacionadas. Ficou-se assim com um conjunto de seis variáveis: as proporções do valor da Terra e do valor do Trabalho no total de fatores de produção; os rácios SAU/UTA, Investimento/UTA e Consumos Intermédios/Ativos Fixos; e a produtividade dos consumos intermédios. O estudo descreve os métodos utilizados na análise de clusters , incluindo as diversas equações aplicadas. São ainda apresentadas várias tabelas com diversos dados e indicadores utilizados na análise efetuada, para cada país incluindo no estudo e para diversos agrupamentos dos países da UE. A tabela 1 apresenta os valores brutos de SAU, UTA e Investimento (na com- ponente consumos intermédios e na componente ativos fixos). A Tabela 2 apresenta os rácios SAU/UTA, Investimento/UTA e Investimento/SAU. A Tabela 3 apresenta quatro indicadores de produtividade: SAU, UTA, Investimento e Consumos Intermédios. Principais resultados Um dos principais resultados a salientar é a profunda diferença não só entre os EUA e a média dos países europeus, mas igualmente entre estes países: assim o rácio SAU/UTA é de 166 ha nos EUA mas 18 ha na UE+RU, variando entre 6 ha na Roménia e 44 ha na Irlanda e no RU (e 12 ha em Portugal). O rácio Investi- mento de capital por UTA é de 94,16 nos EUA e de 32,09 naUE+RU, mas aqui verifica-se que há países europeus comvalores superiores aos daEUA: Dinamarca, Luxem- burgo, Bélgica e Países Baixos (PB). Já o país com o valor mais baixo é a Roménia, com apenas 6, 12 (Por- tugal 17,89). Quanto ao rácio Investimento de capital por SAU, verifica-se que quer a média da UE+RU, quer os valores individuais de todos os países são superio- res ao valor dos EUA de 0,57. Assim a média UE+RU, é 1,76, atingindo ummáximo de 11,73 nos Países Baixos, seguido de 6,25 em Malta e 5,01 na Bélgica (Portugal 1,5). A intensidade de uso de capital por hectare é, por- tanto, elevadíssima em certos países europeus. No que se refere à produtividade dos fatores de pro- dução, a produtividade da terra é de 946 €/ha nos EUA e de 2 413 €/ha na UE+RU, comummáximo de 15 667 nos PB e com apenas três países do Leste europeu com valores abaixo do valor dos EUA (Portugal 2 041). A produtividade do trabalho é de 157 535 €/UTA nos EUA e de 44 057 na UE+RU, comdois países europeus com máximo superior ao valor dos EUA: Dinamarca com 178 708 e PB com 159 877, tendo a Bélgica e o Luxemburgo valores próximos da produtividade dos EUA. (Portugal 24 427). Já no que se refere à produtividade dos consumos intermédios e do investimento em ativos fixos, verifi- ca-se que as diferenças entre o conjunto dos países são muito menos significativas, o que significa que é ao nível da terra e do trabalho que as diferenças estruturais mais afetam a produtividade agrícola. Clusters estabelecidos Estas profundas diferenças nas estruturas de produ- ção originaram um conjunto de onze clusters muito diversificados, distinguindo-se especialmente os EUA e, por outro lado, três clusters agrupando oito países do Noroeste Europeu (Reino Unido e Irlanda; Luxemburgo, Alemanha, Países Baixos e França; Bél- gica e Dinamarca) com estruturas de produção mais competitivas, e indicadores próximos dos valores dos EUA, por oposição a um conjunto de clusters Mediter- râneos numa situação intermédia (Itália e Espanha; Roménia, Croácia, Portugal e Grécia; Eslovénia e Áus- tria) e a um conjunto de clusters da Europa de Leste com estruturas menos competitivas (Polónia, Eslo- váquia, Letónia, Estónia, Lituânia, Chéquia, Hungria, Bulgária e ainda, mas numa posição mais favorável, Suécia e Finlândia). Estas situações menos favoráveis correspondem a baixa produtividade do trabalho fre- quentemente conjugada com estrutura agrária frag- mentada, pelo que é importante o estímulo à concen- tração da estrutura agrária e à inovação e progresso técnico para aumentar a produtividade do trabalho.

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