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53 A agricultura de conservação e os seus impactos: experiências com algumas metodologias de avaliação utilizando indicadores MANUEL GÓMEZ ARIZA E ÓSCAR VEROZ GONZÁLEZ Asociación Española Agricultura de Conservación – Suelos Vivos (AEAC-SV), IFAPA, Espanha 1. Introdução – impactos da agricultura Atualmente, a mobilização é o sistema de gestão do solo mais utilizado pelos agricultores espanhóis. Se- gundoestatísticasdoMinistériodaAgricultura (MAPA, 2021), nas principais culturas arvenses extensivas, este tipo de gestão do solo é aplicado em 88,9% da superfície, sendo essa percentagem de 57,9% nas culturas permanentes (lenhosas). A mobilização é realizada para controlar ervas daninhas, melhorar a infiltração e preparar a cama de sementeira. No entanto, amobilização temefeitos adversos tanto no solo da exploração como no ambiente. Destrói a estrutura do solo e quebra a sua continuidade poro- sa, alterando a relação entre macro e micro-poros, expondo o solo aos efeitos meteorológicos e aumen- tando assim o risco de erosão e escorrimento, o que leva à perda de um dos mais importantes ativos da nossa atividade económica. A jusante, esta erosão tem o efeito oposto. Quando a água de escorrimento perde velocidade, as partí- culas do solo sedimentam, provocando alteração do perfil (as partículas mais finas permanecem no topo, criando crostas) e obstrução de infraestruturas (valas, reservatórios, etc.). Além da perda de solo de- vido à erosão, a água arrasta fertilizantes e produtos fitossanitários, com o risco que isso implica para o ambiente. Por outro lado, o consumo de combustível nas operações com máquinas, juntamente com a desin- tegração de agregados do solo, onde o CO 2 se acu- mula, e a sobre-exposição do carbono orgânico (que oxidamais rapidamente) produzem emissões de CO 2 para a atmosfera, contribuindo para as alterações climáticas. Em resposta a estes problemas, foram desenvol- vidas técnicas de agricultura de conservação (AC). Esta define-se como um sistema de produção agrí- cola sustentável que inclui um conjunto de práticas agronómicas adaptadas às exigências da cultura e às condições locais de cada região, cujas técnicas de cultivo e gestão do solo o protegem da erosão e degradação, melhoram a sua qualidade e biodiversi- dade e contribuem para a preservação dos recursos naturais, água e ar, sem contudo reduzirem os níveis de produção das explorações agrícolas.

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