Cultivar_2_O solo

28 ajustamento de outras que, tendo sido adotadas, nos parecem constituir um desincentivo à genera- lização das soluções tecnológicas desejadas. É, neste contexto, que se insere este artigo que tem como principal objetivo demonstrar a impor- tância para o futuro crescimento económico da agricultura portuguesa, de uma gestão susten- tável do solo e que irá ser organizada do seguin- te modo: No ponto 2, procederemos à análise da evolução do produto agrícola bruto nacional nas últimas décadas. No ponto 3, apresentare- mos as soluções tecno- lógicas que, em nossa opinião, irão possibili- tar uma melhoria futura da fertilidade dos solos. No ponto 4, analisare- mos as potencialidades e limitações das medidas de política em vigor e apresentaremos aquelas que, em nossa opinião, irão ser necessárias adotar para que o uso do solo agrícola em Portugal possa vir a contribuir para um crescente económico sustentável da nos- sa agricultura, baseado em ganhos de competi- tividade das explorações agrícolas portuguesas alcançados em condições ambientalmente sus- tentáveis e territorialmente equilibradas. 2. Análise da evolução do produto agrícola bruto e respetivos fatores determinantes Da análise da evolução entre “1994” e “2013” do produto agrícola bruto nacional, medido pelo valor acrescentado agrícola bruto a preços cons- tantes 1 , pode-se concluir do seu decréscimo de 7% (-0,4%/ano) nas últimas duas décadas, o qual: 1 Os dados anuais das CEA relativos ao valor acrescentado agrícola bruto foram por nós corrigidos de modo a que não fos- sem levados em consideração os dados anuais referentes à ru- brica “outros bens e serviços” que está integrada na rubrica dos • foi consequência de um crescimento mui- to mais rápido do consumo de fatores in- termédios (1,2%/ano) do que do volume da produção agrícola (0,4%/ano); • apresentou uma ligeira inversão positiva nos últimos anos (0,2%/ano). Importa sublinhar que este comportamento negativo do produto agrícola bruto nacional ocor- reu num contexto quase sempre favorável, da relação entre os preços dos produtos e dos fa- tores de produção agrí- cola e dos pagamentos diretos aos produtores, a qual foi particularmen- te favorável na primeira década do período em análise. O comportamento favorável do sistema de preços e de pagamentos aos produtores nas úl- timas décadas foi, no entanto, insuficiente para compensar a evolução negativa do produto agrí- cola bruto nacional, donde resultou um decrés- cimo acumulado de 10% no rendimento agrícola nacional (-1%/ano) a partir do triénio de “2003”. A variação, ao longo destas duas últimas dé- cadas, do produto agrícola bruto nacional foi di- retamente determinada pelo comportamento dos três seguintes indicadores: a superfície agrícola cultivada, a produtividade da terra e a eficiência no uso dos fatores de produção agrícola. consumos intermédios. Esta opção decorre da análise realizada pelo GPP ao conteúdo da referida rubrica que, sendo residual, não nos parece dever ser contabilizada no âmbito desta nossa abordagem, uma vez que nada tem a ver diretamente com os fatores de produção intermédios utilizados pelas explorações agrícolas portuguesas. Como esta rubrica apresenta, estatistica- mente, um grande aumento dos respetivos valores durante o pe- ríodo em análise (5 vezes mais elevada, a preços constantes, em “2013” do que em “1994”), a tendência de evolução negativa do produto agrícola bruto nacional é muito menor na opção agora tomada do que a que resultaria se se tivesse utilizado na íntegra os dados das CEA (redução acumulada, entre “1994” e “2013”, de 7%, em vez de 30%). Pode, assim, afirmar-se que um crescimento sustentável futuro do produto agrícola nacional só será alcançado através da adoção generalizada de soluções tecnológicas que sejam capazes de promover simultaneamente uma melhoria do potencial dos nossos solos

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