Cultivar_2_O solo

102 Nota metodológica O Índice de Aridez FAO-PNUA (UNEP 1992) avalia e expressa a relação entre os valores médi- os anuais da precipitação (P) com os da evapotranspiração potencial (ETP) para cada local e para uma dada série temporal, em regra de até 30 anos. A classe das “Áreas Secas” definida por este índice inclui as subunidades: Sub-húmido Seco (P/ETP entre 50% e 65%), Semiárido (20 - 50%) e Árido (5 - 20%), sendo que apenas as duas primeiras ocorrem regularmente em Portugal. Índices de aridez abaixo dos 5% correspondem a ambientes de Hiperárido típicos dos desertos e cujas propriedades ecológicas e socioeconómicas pouco ou nada têm a ver com o processo da deser- tificação. Com valores do índice acima de 65% as disponibilidades sazonais de água determinam que ela não seja regularmente um fator limitante. Aproximando-se do conceito “qualidade das terras” da FAO, o LDI - Índice de Qualidade / De- gradação das Terras ( Land Degradation Index ) desenvolvido pela EEZA - Estação Experimental de Zonas Áridas de Almeria (Espanha). Em Sanjuan et al . 2011 documenta-se a aplicação da me- todologia em Portugal para o período 2000 / 2010. Também se reporta em Del Barrio et al . 2010, numa aplicação ao global da Península Ibérica para o período 1989 / 2000. A metodologia visa monitorizar e avaliar as condições das terras tendo como base a aplicação de técnicas estatísti- cas a séries de índices de densidade da vegetação (NDVI e outros) obtidos em imagens satélite, captadas por deteção remota, em correspondência com dados climáticos coetâneos (médias das máximas e mínimas e média da temperatura e precipitação), associando-se ainda informação complementar sobre litologia, uso e cobertura do solo, vegetação de áreas naturais e também informação administrativa. Inclui-se como passo inicial a avaliação do estado ou condição das terras sob o paradigma de que, emcada local, a vegetação natural maximiza a Produção Primária Líquida sobre os solos (PPL) por unidade de precipitação (R), recorrendo-se ao indicador Eficiência doUso daChuva (RUE) para proceder em cada local à respetiva medição. Por outro lado, este indicador é aplicado ano a ano em duas escalas de tempo, visando detetar respostas da vegetação no longo e no curto prazos, corrigidas pela aridez em toda a área de trabalho e permitindo comparações entre diferentes lo- cais. Tais escalas temporais correspondem para os resultados obtidos para Portugal a gradientes que se reportam ao período de 1 de setembro de 2000 a 31 de agosto de 2010 (Figura 3). Deste modo, com os respetivos valores de RUE transformados em classes, procede-se à avalia- ção do estado ou condição das terras. Por outro lado, amonitorização das tendências nas condições das terras trata da perceção da evolução da condição ou estado das terras para um certo período, em contraponto à avaliação destas num certo ponto de partida. Neste contexto se observame ava- liam também os efeitos das variações inter-anuais, resultantes quer da aridez quer do tempo. Os resultados deste processo permitem distinguir, respetivamente, as condições dos estados degradados ou recuperados das terras e monitoriza as tendências das suas condições, seja face ao espaço temporal seja face ao clima.

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