Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

65 A nova geração de empregos qualificados na agricultura PEDRO SANTOS CONSULAI - Consultoria Agroindustrial Não sendo um especialista na área dos recursos humanos, este é um daqueles temas que é transver- sal a todo o setor, cuja importância tem sido cres- cente ao longo dos últimos anos e sobre o qual há uma atenção especial. Enquanto empresário da área da consultoria, sinto estas questões de forma muito regular e na qualidade de dirigente da Asso- ciação Alumni do Instituto Superior de Agronomia acompanho outras vertentes da mesma questão. Ainda recentemente, numa reunião de reflexão sobre o setor com um grupo restrito de empresá- rios, a questão do emprego qualificado da nova geração foi apontada como uma das questões prio- ritárias para as empresas. Por isso, respondi positivamente ao desafio lan- çado pela CULTIVAR e procurarei dar uma visão pragmática do tema, resultado da discussão com diferentes agentes do setor e de questionários que tive oportunidade de fazer junto de empregadores do setor e de recém-empregados. A importância dos recursos humanos nas empresas do setor não se resume apenas ao peso que tem em termos de custos para as empresas – que no caso das culturas mais intensivas chega a represen- tar mais de 50% dessa estrutura de custos – mas, e de forma cada vez mais marcada, à capacidade de ter pessoas altamente qualificadas e de reter esse talento nas empresas, muitas vezes localiza- das em zonas rurais menos atrativas para as novas gerações. Os empresários do setor têm muito pre- sente a importância de ter boas pessoas nas empre- sas e o custo que representa a eventual perda das mesmas. É, sem sombra de dúvidas, um dos temas mais relevantes para o desenvolvimento de muitos negócios, com implicações diretas na competitivi- dade das empresas e na sua capacidade de res- ponderem a novos desafios e de se adaptarem a novas realidades. No inquérito feito aos emprega- dores, as três principais dificuldades apontadas estão relacionadas com a dificuldade em encon- trar pessoal (situação esta que condiciona muito o desenvolvimento de culturas mais intensivas em mão-de-obra), a falta de pessoas qualificadas e a dificuldade em encontrar pessoas com vontade de trabalhar (Figura 1). Estas são preocupações diárias de muitas das empresas do setor, quer ao nível da produção quer da transformação. Para além disso, os modelos de organização do tra- balho promovem, em muitos casos, a necessidade de recorrer à externalização na prestação de servi- ços especializados e ao aumento da especialização, assim como a exigência de muitos serviços com-

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